terça-feira, janeiro 16, 2007

Caminhos que se cruzam



Uma direcção…
Um percurso…
Um enlace…
Um momento…
Descoberta…
Teias que se tecem…

Harmonia ?

Trilhos…
Cercas…
Muros…
Encruzilhadas…
Probabilidades…
Teias que se desfazem…

Acaso ?

Que encontros são esses que mudam as nossas vidas?

7 comentários:

Anónimo disse...

"caminhos que se cruzam"
____________

Gostei:)

Beijoooooo*********

Duca disse...

Não está completo, ela, mas vou agora completá-lo com algumas palavras.
Beijo

Duca disse...

ela,

Comecei por colocar apenas a imagem, mas depois olhei-a e as palavras foram aparecendo. Resolvi acrescentá-las à imagem. Esta minha mania de escrever quando podia deixar que os outros apenas imaginassem. Enfim...

Gosto cada vez mais de te ler. Para quando esse poema sobre os figos? :)

Beijo

Anónimo disse...

Vou passar por cá amanhã e trago comigo o poema estamos combinadas.

Beijoooo Duca.

Post scriptum: As tuas palavras sempre lindas****

Anónimo disse...

A maneira correcta de comer um figo à mesa
É parti-Io em quatro, pegando no pedúnculo,
E abri-Io para dele fazer uma flor de mel, brilhante, rósea, húmida,
desabrochada em quatro espessas pétalas.


Depois põe-se de lado a casca
Que é como um cálice quadrissépalo,
E colhe-se a flor com os lábios.

Mas a maneira vulgar
É pôr a boca na fenda, e de um sorvo só aspirar toda a carne.


Cada fruta tem o seu segredo.
O figo é uma fruta muito secreta.
Quando se vê como desponta direito, sente-se logo que é simbólico:
Parece masculino.
Mas quando se conhece melhor, pensa-se como os romanos que é
uma fruta feminina.


Os italianos apelidam de figo os órgãos sexuais da fêmea:
A fenda, o yoni,
Magnífica via húmida que conduz ao centro.
Enredada,
Inflectida,
Florescendo toda para dentro com suas fibras matriciais;
Com um orifício apenas.


O figo, a ferradura, a flor da abóbora.
Símbolos.


Era uma flor que brotava para dentro, para a matriz;
Agora é uma fruta, a matriz madura.


Foi sempre um segredo.
E assim deveria ser, a fêmea deveria manter-se para sempre
secreta.


Nunca foi evidente, expandida num galho
Como outras flores, numa revelação de pétalas;
Rosa-prateado das flores do pessegueiro, verde vidraria veneziana
das flores da nespereira e da sorveira,
Taças de vinho pouco profundas em curtos caules túmidos,
Clara promessa do paraíso:
Ao espinheiro florido! À Revelação!
A corajosa, a aventurosa rosácea.


Dobrado sobre si mesmo, indizível segredo,
A seiva leitosa que coalha o leite quando se faz a ricotta,
Seiva tão estranhamente impregnando os dedos que afugenta as
próprias cabras;
Dobrado sobre si mesmo, velado como uma mulher muçulmana,
A nudez oculta, a floração para sempre invisível,


Apenas uma estreita via de acesso, cortinas corridas diante da luz;
Figo, fruta do mistério feminino, escondida e intima,
Fruta do Mediterrâneo com tua nudez coberta,
Onde tudo se passa no invisível, floração e fecundação, e maturação
Na intimidade mais profunda, que nenhuns olhos conseguem
devassar
Antes que tudo acabe, e demasiado madura te abras entregando
a alma.


Até que a gota da maturidade exsude,
E o ano chegue ao fim.


O figo guardou muito tempo o seu segredo.
Então abre-se e vê-se o escarlate através da fenda.
E o figo está completo, fechou-se o ano.


Assim morre o figo, revelando o carmesim através da fenda púrpura
Como uma ferida, a exposição do segredo à luz do dia.
Como uma prostituta, a fruta aberta mostra o segredo.


Assim também morrem as mulheres.



Demasiado maduro, esgotou-se o ano,
O ano das nossas mulheres.
Demasiado maduro, esgotou-se o ano das nossas mulheres.
Foi desvendado o segredo.
E em breve tudo estará podre.

Demasiado maduro, esgotou-se o ano das nossas mulheres.


Quando no seu espírito Eva soube que estava nua
Coseu folhas de figueira para si e para o homem.
Sempre estivera nua,
Mas nunca se importara com isso antes da maçã da ciência.

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Eu disse que te falava dos figos:)
Desculpa a extensão do poema.
"Assim morre o figo, revelando o carmesim através da fenda púrpura
Como uma ferida, a exposição do segredo à luz do dia.
Como uma prostituta, a fruta aberta mostra o segredo."
A exposição do segredo à luz do dia:)

Um beijoooo grande Duca***

Duca disse...

Ela

Lindíssimo poema, obrigada. :) Agora percebo porque há uns anos uma amiga me ensinou "a comer figos como devia ser" dizia ela, com a desculpa de que, a uma mulher como eu, era coisa que muita falta fazia. ;)

Beijo

nnannarella disse...

... uhm ...
e ontem à noite alguém mudou a tua vida ?...:)