sexta-feira, setembro 18, 2009

Voto Nulo - Saindo da Matrix


Já não aguento a campanha eleitoral!
A demagogia do PS, do PSD, do BE, do PCP e do CDS – dos restantes praticamente não há notícia – mete-me tanto nojo que já nem consigo ter a televisão ligada!
A verborreia, as operações de cosmética e os ataques são tantos e de tal baixeza que me pergunto como essa gente não tem um pouco de vergonha!
No próximo dia 27 de Setembro vou mais uma vez votar nulo como, aliás, tenho feito nos últimos anos.
Não, não vou utilizar o boletim de voto para insultos ou para fazer bonecos, vou apenas colocar um X tal como o que está na imagem.
A cada dia que passa mais me aproximo do “Hay govierno, soy contra!” que é o mesmo que dizer que estou mais e mais perto disto.
De facto como posso aceitar, de acordo com Joseph Proudhon "(...) ser zelado, inspecionado, doutrinado, aconselhado, controlado, assediado, pesado, censurado e ordenado por homens que não têm direito, nem conhecimento ou valor para tanto. (...)"?
Então, perguntar-me-ão, porque me dou ao trabalho de mexer o traseiro para ir votar no dia 27 de Setembro, ainda por cima nulo? Eu respondo:
1- Sendo cada vez mais contra qualquer espécie de governo, só me dou ao trabalho de ir às urnas votar por respeito e consideração por todos aqueles e aquelas que lutaram e morreram – numa época em que todos acreditavam que precisávamos de Governo – por esse direito.
2- O voto é nulo pelos motivos já referidos e não é em branco por pura desconfiança relativamente a tudo o que rodeia as eleições.
Pelos vistos, há já uns bons anos que venho saindo da matrix, mesmo que antes não tivesse essa consciência – pelo menos nesta terceira dimensão diga-se –.

5 comentários:

Anónimo disse...

Há quem diga: "se você votar nulo, não terá qualquer direito de exigir de seus governantes depois". Oras, estes mesmos hipócritas que afirmam isto são os primeiros a reclamarem daqueles em quem votaram, tenha certeza.

Não sei em Portugal, mas no Brasil funciona assim: o governo é a cara do povo e vice-versa. Se o governo mente, trapaceia, rouba e nada assume, o povo faz a mesma coisa e não seria diferente se este mesmo povo subisse ao poder. São poucos os que realmente atuam para alguma mudança, ainda que em seu próprio meio de trabalho, enquanto a maioria se queixa que deveria estar em casa vendo televisão.

Por isso, eu entendo você! A política é feita por poucos e para poucos, enquanto o povo é sempre posto em segundo plano. Votar nulo significa que se é contra esta situação, que você acredita que não exista ninguém ali capaz de lugar pelo que você almeja e idealiza para a melhora do país.

"Politicagem" é mesmo muito chato!

Beijos

Duca disse...

Gigi,

Esse argumento que refere e defendido por quem não concorda com o voto nulo é, no mínimo, ridículo. Se eu voto nulo é porque não me revejo em nada do que defendem aqueles que se candidatam a ser Governo, logo, não lhes vou exigir coisa nenhuma.
Mas a verdade, é que mesmo aqueles que votam a favor do partido que ganha as eleições e que se torna Governo, também não exijem pois mesmo que o façam de nada lhes vale!
Contrariamente ao que você defende, em minha opinião, a política é feita por todos e para todos, a Governação é que é só para alguns e, a maior parte das vezes, é exercida por mediocres, daí a razão porque não gosto de ser governada.

Abraço

Andarilha das Estrelas disse...

Hummmm.... a soberania é individual e coletiva, portanto ingovernável.
Temos governo para desgovernar a vida do cidadão. Esta é a verdade.
Será que as pessoas não percebem que um governo não deveria ser com entrega de poder?
Governos deveriam ser apenas zeladores sociais!
E quando falo sociais, me refiro a todas as comunidades. Porem sem poder estabelecido, mas tão somente a exercer, admnistrativamente, a função de regular e garantir que os serviços de saúde, de educação, da coleta de lixo, entre outros, sejam feitos com eficácia.
E que o legislativo sirva aos anseios corretos, com senso abrangente de justiça.
Me dirão: Ahhh mas isto são os canones da política do governo.
É mesmo? onde? Como? Quando?
Tudo num belo amontoado de papéis engavetados, meras palavras e meros conceitos.
Eu, não preciso ser governada.
Preciso sim de que minhas habilidades possam ser úteis a um todo. E que as habilidades de outros, que eu não possuo, possam complementar-me.
Que a propriedade seja apenas para se referir ao que é próprio, ao que é inerente, ao que é íntegro e não ao que se possui, ao que se detém como bem material.
E , please, não estou falando dos ideais marxistas, comunistas, etc. Sorry, mas estes adoram um poder! Adoram deter a liberdade, mas falam em nome dela! Tal qual os que usam e usaram a Bíblia ou o Alcorão a falar em morte e em luta em nome de Deus. Ou mesmo os que fazem guerra pela paz!
Argh!
O sistema e os sistemas , sejam quais forem suas origens e ideais são velhos, ultrapassados e cheiram mesmo muito mal!Isso para não dizer que nos levaram, como humanos, onde estamos. A maioria espoliada por uma minoria.
E o pior é que é uma maioria muito satisfeita em ter sua liberdade roubada.Adormecidos!
E tem aqueles e aquelas que se dizem defensoras da liberdade porem exercem com muita eficiência sua tirania! Hipócritas!
Adorei este post!
E viva a soberania!

J. Maldonado disse...

Compreendo o teu desencanto em relação à política portuguesa, porém discordo da apologia do voto nulo.
O problema de Portugal é que a sociedade civil é amorfa e apática.
Se os sindicatos, associações e movimentos cívicos funcionassem como contrapeso do poder político, este com certeza que não governaria absolutamente.
Além disso, o povo está mais preocupado em consumir e ostentar do que fazer algo pelo bem comum; o individualismo egoísta impera na sociedade. Ou seja, se a maioria tivesse consciência cívica, não haveria degradação de muita coisa...
Não podemos andar sempre à espera que os políticos resolvam tudo, também devemos colaborar para que o país não piore. As novas gerações estão mal habituadas...

Duca disse...

Maldonado,

Agradeço o comentário.
Em geral, no nosso país e salvo algumas excepções, os sindicatos não servem de contrapeso do poder político. Podem apenas servir de contrapeso à forma como as empresas gerem os seus recursos financeiros e humanos, enquanto outros interesses dos dirigentes sindicais se não meterem no caminho.
As associações e movimentos cívicos tem, em geral, muito pouca expressão e, não raras vezes, servem como trampolim a alguns egos.
Eu não tenho qualquer desencanto com a governação portuguesa, a questão é que simplesmente eu não gosto de ser governada e não acredito nestes sistemas demasiado envelhecidos e idênticos entre si - pois que de uma forma ou de outra acabam todos tocando a mesma sanfona -.
Tal como diz a minha amada Andarilha, "(...) O sistema e os sistemas , sejam quais forem suas origens e ideais são velhos, ultrapassados e cheiram mesmo muito mal! Isso para não dizer que nos levaram, como humanos, onde estamos. A maioria espoliada por uma minoria."
Daí que a única coisa coerente que faço é mesmo votar nulo.