Não vou dizer que foi uma decisão fácil, porque nunca é, assumirmos a quem tanto se projecta em nós que, ao fim e ao cabo, não somos como a maioria.
Porém, eu conhecia os meus pais e sabia que eram pessoas bem formadas, que sempre foram contra discriminações, com uma mentalidade muito mais evoluída que a maioria dos portugueses da altura e mesmo de hoje e, acima de tudo, sabia que me amavam incondicionalmente.
Enchi-me de coragem e decidi falar primeiro com a minha melhor amiga: a minha mãe. Tínhamos uma ligação muito forte a ponto de eu lhe contar tudo o que me acontecia, mesmo as coisas mais íntimas. Éramos tão amigas e divertíamo-nos tanto, as duas, que nos chamavam “o roque e a amiga”!
Encontrei-a na cozinha a preparar um dos seus excelentes cozinhados e disse-lhe:
- Mãezinha, tenho uma coisa muito importante para dizer!
- Diz filha!
- Contei tudo sobre Paris e sobre a minha amiga S, mas omiti uma coisa!
- E como não te aguentas, tens de me contar, não é? Conta lá então o que me omitiste!
- Eu e S fomos namoradas! Descobri que também gosto de mulheres!
A minha mãe olhou para mim abrindo muito os olhos e eu, já quase à beira do desmaio, ouço-a dizer:
- Ai que grande desgraça, filha!
A tremer por todo o lado, apesar de tentar manter-me calma, perguntei-lhe:
- Desgraça, mãezinha, porquê?
- Então filha, se antes eu tinha meio Portugal a ligar cá pra casa, agora vou ter Portugal inteiro! Isto vai ser um inferno! Vai falar com o teu pai!
Voltou de novo a atenção para os tachos enquanto eu, aliviada e respirando fundo, me dirigi à sala onde estava o meu pai lendo um livro e saboreando um cognac que eu lhe trouxera de Paris.
- Paizinho, tenho uma coisa muito importante para dizer!
- Diz filha!
- Em Paris descobri que também gosto de mulheres!
O meu pai bebeu um trago, saboreou-o e olhando-me disse:
- Tens bom gosto, filha! Eu sempre disse que tinhas saído a mim!
Eu sei que estas reacções por parte dos nossos progenitores são tão pouco comuns que alguns de vós poderão pensar que não são possíveis, mas comigo, para sorte minha, foi assim que aconteceu. A minha saída do armário tinha sido muito mais fácil do que eu imaginara e até teve o seu toque de humor.
Durante o tempo em que me julguei bissexual, tive vários relacionamentos tanto com homens como com mulheres, mas concluí que o meu universo erótico-afectivo visava cada vez mais as mulheres em detrimento dos homens.
Continuava a olhar para alguns homens com interesse, não nego, mas a verdade é que me sentia cada vez melhor com mulheres fosse de que forma fosse. Elas atraíam-me cada vez mais, fisicamente, intelectualmente, eroticamente e emocionalmente.
Não havia volta a dar-lhe. Eu era definitivamente lésbica e não podia continuar a enganar-me convencendo-me de que era bissexual, sob pena de ser infeliz e de fazer outros infelizes.
Um dia, tinha eu 27 anos, a minha mãe, a minha melhor amiga, partiu para um lugar de onde eu não mais a poderia ver. Doeu-me, doeu tanto que ainda hoje dói! E ela era ainda tão nova!
Por essa altura conheci T e estamos juntas até hoje!
P. S. Com este relato de memórias pretendi partilhar convosco pedaços de mim e, acima de tudo, mostrar a quem me possa ler que "sair do armário" nem sempre é uma experiência dramática podendo, por vezes, ser um momento particularmente divertido! Porém, difícil ou não, é algo que temos mais tarde ou mais cedo que fazer sob pena de adiarmos "Ad eternum" a nossa vida e bem estar.
Aos homofóbicos que possam ter a curiosidade (que para mim é mais veleidade) de ler estes relatos, como podem verificar, não nasci com uma marca na testa, qual besta apocalíptica, a dizer "FUFA!" e sempre fui e serei do género feminino com o qual me identifico e me sinto muitíssimo bem. Não sou lésbica por ter sido maltratada por homens e também não o sou por falta de homens "como deve ser!"
Não tenho nem posso ter vergonha do que sou, porque nada do que sou ou fiz me envergonha. Pelo contrário! Portanto, se no meu local de trabalho, ou perto dele, ainda não assumo a minha orientação sexual, não é por vergonha, é, tão só, porque nos lugares de poder e decisão ainda há gente como vocês que não olham a meios para atacar, espezinhar e perseguir quem não é e não pensa como vós. Para além disso, eu também tenho o direito de prezar e proteger a minha carreira na qual sou uma excelente profissional!
Lamento ter-vos decepcionado!
34 comentários:
Chefona,
subscrevo o teu PS....
beijinhos
... e como não há duas sem três ... não podia haver final mais delicioso e bonito do que este que nos trouxeste ... :)
Espantosa a forma como abordaste e a naturalidade, inteligência e absoluto amor com que os teus pais reagiram ao teu relato ... é assim o amor ... muito embora muitas pessoas por serem mal amadas não o possam (ou saibam) entender ...
O teu Pai, a tua Mãe (seja onde estiver estará certamente a olhar para ti cheinha de vaidade) devem orgulhar-se profundaemnte da filha que tão bem souberam criar e da mulher que sempre soubeste e sabes ser.
Olha, para mim, pelo menos, é um orgulho poder partilhar estes momentos contigo e saber-te imensamente feliz.
Ao final que dedicas a todos aqueles cuja vida não os deve preencher o suficiente para terem tanto que se interessar pela vida dos outros só me apetece dizer ... "toma e embrulha" ... se há coisa que deve ser profundamente irritante é responder-se a afirmações menores com a maior das boas educações ... :)
Uma beijoca encaracolada e emocionada por estes posts de partilha ... que bom quando se tem histórias para contar não é ??
Vou enviar-te o meu contacto de msn via e_mail, se quiseres adiciona-me ... terei o maior prazer em conhecer-te !!!!
Para mim pessoas inteligentes, maduras e sensíveis nunca são demais !!!!
Minha querida Duquesa da Serena Luz,
quando for grande quero ser como tu!
Até lá só digo disparates!
Bem hajas e é um prazer enorme ler-te e "conhecer-te", embora a nítida falta de sorte de nos desencontrarmos sempre nos eventos!
Beijos
Gar
Não me espanta a forma como abordaste a questão junto dos teus pais, nem a reacção deles, apesar de não ser a habitual.
Duca
Uma mulher como tu (lésbica ou não não importa) é capaz de agir, e age, com a maior das classes.
Optaste por gostar de mulheres?
O "meu" mundo ficou mais pobre. Julgo que me entenderás.
Mereces, de qualquer forma, a minha vénia e um beijo, porque não?
PS: Não tarda está o absurdo do Alex a meter o garfo...
O mais importante é sermos genuínos e fieis a nós mesmos.
Isso sim, é o mais importante...quanto ao resto... não interessa...são escolhas que respeito. Admiro a tua frontalidade (além da forma como escreves). :)
Beijo
PS - Um dia o meu avô disse-me: "Não devemos julgar os outros, ou só o devemos fazer, quando conhecermos o coração"
"lamento ter_vos decepcionado!"
decepcionado!? como decepcionado!? como? porquê? quando!?
amiga duca( se é que me permite de tratá-la por amiga porque não me conhece de lado nenhum)
o meu aplauso vai essencialmente para o seu post scriptum...e passo a justificar: você é uma mulher de "armas" ou melhor dizendo neste caso de palavras...partilhar aqui a sua "saída do armário" não foi mais que nos proporcionar uma novela deliciosa (e eu que detesto novelas principalmente as mexicanas) conseguindo envolver_me tanto que fiquei esperando pelas cenas do próximo episódio terminando hoje com chave de ouro com o seu post scriptum!!
fique bem e um bem haja!
a caracolinha já falou tudo,
não vou ser repetitiva,,,,
só completo dizendo que estou emocionada em saber que o fínal deste capítulo foí muito feliz....e se até hj vcs continuam juntas,,,,acredito que os outros capítulos futuros , tambem o serão....
minha família muito me ama tambem , mas não tem a sorte de ter uma mente e alma tão abertas,,,,como a de seus país,,,então confírmo: que prívilégio o teu....mas com certeza vc o deve merecer!
obrigada por compartilhar um pedaçínho de sua vída com seus amígos e desconhecidos vírtuais,,,
beíjos ternos em seu coração !
voltei porque me esqueci...
� duca
" e quando a tua frente se abrirem muitas estradas e nao souberes a que has-de escolher
nao metas por uma ao acaso
senta-te e espera
fica quieta
em silencio
e ouve o teu cora�ao
quando ele te falar
levanta-te
e vai para onde ele te levar..."
Viz
:) Beijo
Caracolinha
Agradeço as tuas palavras tão gentis.
Teremos oportunidade de nos conhecermos melhor.
Esse almoço vai ser uma benção! :)
Beijo
Garamond
Pois eu quando for grande quero ter o teu extraordinário sentido de humor! :)
Tá difícil encontrarmo-nos, hein?!
Beijo
Repórter
Não sou lésbica por opção. Se as nossas preferências sexuais fossem uma opção, eu teria escolhido ser aquilo que julgava ser até aos 21 anos, ou seja, heterossexual ou, mesmo tendo experiênciado uma relação com uma mulher, teria optado por continuar a pertencer à maioria, pois teria evitado alguns dissabores.
O "meu" mundo ficou mais pobre.
Percebo o que queres dizer mas não concordo porque os "nossos" mundos não têm de andar de costas voltadas, aliás, essa é minha luta. Todos habitamos o mesmo planeta e as diferentes preferências sexuais não devem ser (e para mim não são) motivo de afastamento e sim motivo de partilha que só nos enriquecerá como seres humanos.
Beijo
Só tenho que dizer que ri imenso pelo humor do teu pai. Fiquei triste pela dor dos teus 27 anos e orgulhei-me por haverem mulheres como tu.
Um texto que não vou esquecer.
um beijo forte e felicidades.
Parrot
Um homem muito sábio, o teu avô!
Obrigada pela visita.
Beijo
Virtual Olhar
Eu é que agradeço as suas palavras.
Beijo
Pecado Original
Tanto o meu pai como a minha mãe eram donos de um sentido de humor fabuloso e de um caráter e rectidão extraordinários!
Tive imensa sorte por os ter tido como progenitores.
Beijo
Ivone
A frase "Lamento ter-vos decepcionado!" é dirigida a quem tem posturas e certezas homofóbicas.
É recorrente nos homofóbicos, confundirem género sexual com orientação sexual, pois que se convencem que as lésbicas e os gays, são uns "anormais" que no fundo tod@s gostavam de ter nascido homens ou mulheres.
Convencem-se que somos lésbicas porque, coitadinhas de nós, fomos maltratadas por homens ou porque nenhum homem "devidamente" viril se interessou por nós.
Acham, também, que se não assumimos a nossa orientação sexual nos nossos locais de trabalho, é por vergonha e não por receio de sermos perseguidos e prejudicados nas nossas carreiras, etc.
Se fizer um périplo pelas pérolas alexandrinas em http://fado-alexandrino.blogspot.com/ perceberá porque a minha história até aos 21 anos, sendo comum à de tantas outras mulheres, poderá decepcionar estas pessoas tão certas das suas abjectas "verdades".
Lindíssimo o poema que me deixou, mas mais bonito ainda é o conselho que nele está ínsito.
Bem haja
Duca somos entre outras coisas objecto de repetição dos progenitores (biologicos ou de criação), por isso devo dizer que te reconheço como das pessoas mais verticais que conheço.
Apesar de ja conhecer este teu "coming out" não pude deixar de sorrir r maravilhar-me.
Um BJ munta grande!
Wonder Woman
Lembro-me bem de te ter contado o meu coming out! :)
" ... somos entre outras coisas objecto de repetição dos progenitores (biologicos ou de criação) ... "
Sem dúvida, por isso me considero uma mulher de sorte!
Beijo
Duca,
epá.....que deliciosa "saida do armário!"
Parabéns por seres assim!
:)
Beijinhos ouriçados
Obrigada. Beijinhos para ti também, Sweet Porcupine. :)
fácil. às vezes é mais fácil do que se imagina.
há pouco tempo, uma miuda muito chegada disse-me a mesma coisa, que gostava de mulheres e que achava que ía desiludir ´muita gente e por aí fora..
disse-lhe que só desilude quem não faça questão de a ver feliz e que dessa gente fuja enquanto é tempo.
depois, há as pessoas que lhe querem bem mas não estão preparadas, ou ficarão em pânico com medo que sofra. com essas é preciso mais algum cuidado, mas habituar-se-ão. é uma questão de tempo até perceberem que há felicidades que compensam o resto.
enfim, sê feliz.
um beijo
DUCA, já me tinhas um dia contado esta belíssima história, mas ainda bem que a colocaste aqui: o mundo merecia conhecê-la. Não só pelo conteúdo, como pela forma: está optima! *
Cristina
"depois, há as pessoas que lhe querem bem mas não estão preparadas, ou ficarão em pânico com medo que sofra."
É por isso que por vezes é tão difícil um homossexual ou lésbica sair do armário.
Quando os nossos progenitores reagem mal a uma confissão deste género, muitas vezes, não é porque sejam homofóbicos ou nos queiram mal, é só porque sabem que a vida d@ filh@ não vai ser nada fácil e poderá até ser infeliz. No entanto, devemos sempre conversar com eles e dizer-lhes que se fingirmos algo que não somos, seremos muito mais infelizes.
Para além disso, há imensas pessoas infelizes e são heterossexuais.
Aconselhaste muitíssimo bem a míuda. Por alguma razão ela te escolheu para sair do armário. :)
Beijo
Elementar
Obrigada! :)
Beijo
Oh, é de pessoas assim que o mundo precisa!
É bonito e extremamente generoso da sua parte partilhar este bocadinho da sua vida.
Cara Duca,
Em primeiro lugar, muito prazer em conhecer-te. Em segundo lugar, quero asseverar que não pretendo, com este comentário, invadir qualquer espaço onde a minha presença não seja desejada. Se for esse o caso, peço-te que deletes de imediato o comentário.
Sou um homem heterosexual, pelas mesmas razões pelas quais tu és uma mulher homosexual. Nenhum de nós escolheu aquilo que é, e ambos estamos satisfeitos com aquilo que somos.
Uma coisa que me tem chocado, no vosso mundo, é a (quase permanente) heterofobia. Não sou ingénuo, e compreendo bem os problemas e a intolerância que são o vosso dia-a-dia, mas será que querem mesmo manter uma guerra, tipo nós-contra-os-outros, sem a menor consideração por aquelas pessoas, cada vez mais comuns, que aceitam com perfeita normalidade a vossa opção, e que vos dão, em igual medida, a possibilidade de discutir a sua própria opção, em termos de igualdade?
O post que presentemente comento é enternecedor, uma história que me dá vontade de contar aos meus filhos. Que digo, uma história que seguramente contarei aos meus filhos! Terei, todavia, o cuidado de omitir o PS final, que passa de uma história bonita para um ataque verrinoso (e justificado pelos factos, por certo)contra aqueles terríveis "outros".
O post recebeu vinte e tal comentários. O primeiro que li só referia o PS. Não me dei ao trabalho de ler os restantes.
Só recentemente descobri a quantidade de blogs exiatente sobre este tema. Alguns são interessantes, outros só tentam chocar. Todos eles, independentemente do conteúdo, me chocaram.
Choca-me, e profundamente, que um membro da nossa sociedade, hoje em dia, se sinta forçado a ocultar a sua identidade, quando discute um aspecto fulcral da sua vivência. Choca-me ainda sentir uma tendência para esse grupo se fechar sobre si próprio, rejeitando quem as reconhece em igualdade de termos, tal como rejeita quem as persegue.
Quanto a mim, sou apenas um lírico, que vez por outra publica umas ficções assim tipo delírios, sem que lhe seja reconhecida outra utilidade neste mundo. Recentemente, coloquei no meu blog uma historieta sobre esta questão, em http://sepulcro.blogs.sapo.pt/arquivo/1074291.html . O entusiasmo resultante não foi encorajador.
Soit comme il soit, os meus melhores votos de felicidades, e de uma boa rentrée, para ti, e para quem quer que te seja caro(a).
Um abraço,
Nuno.
Yohanan
Obrigada. :)
Caro Nuno Coelho,
Em primeiro lugar devo esclarecer que não tenho o costume de apagar comentários, mesmo que possam ser desagradáveis (a não ser que, mesmo depois de avisado, o comentador insista em ser desagradável ou em comentar sobre coisas totalmente fora do contexto). Este espaço é público, aberto a opiniões e sem qualquer moderação. Se não quisesse ser invadida, tornava-o privado. Não é o caso.
O teu comentário, que só hoje li, levanta questões muito interessantes às quais terei muito gosto em responder da forma mais completa possível.
Uma coisa que me tem chocado, no vosso mundo, é a (quase permanente) heterofobia.
Se há coisa que não sou é heterofóbica. Uma leitura mais atenta deste blog prova isso mesmo. Aliás, prova inclusive que sou contra qualquer tipo de preconceito. Acresce ainda dizer que este blog é visitado por heterossexuais, homens e mulheres.
... Terei, todavia, o cuidado de omitir o PS final, que passa de uma história bonita para um ataque verrinoso (e justificado pelos factos, por certo)contra aqueles terríveis "outros".
Não considero que no meu PS final haja um ataque carregado de verrina e muito menos dirigido aos “terríveis outros”. Primeiro, porque não é dirigido aos “outros” e sim aos “homofóbicos” (julgo haver uma grande diferença). Segundo, é uma forma de responder a uma acusação de que fui alvo num blog onde o seu autor, a propósito do meu texto “Straights e Marmanjas” diz que eu não me assumi no restaurante perto do meu local de trabalho, e onde costumo almoçar, por vergonha! Ora, não quis responder no referido blog, como seria natural, exactamente porque não sei debater usando termos grosseiros e ofensivos que ali são usados pelo seu autor quando este resolve escrever, e não são raras as vezes, contra a comunidade LGBT.
Se tivesses lido alguns dos comentários a este post, terias lido a minha resposta à Ivone onde lhe digo para ir ao blog “Fado Alexandrino” http://fado-alexandrino.blogspot.com/ e ler algumas das “pérolas” mais homofóbicas que imaginar se possa. Por exemplo, é no texto “Ferónica” de 01 de Agosto passado que aquele senhor escreve “...Eu sei que não se deve escrever isto mas é a verdade. E se não fosse porque é que a outra se calou no restaurante? Por vergonha.”
Porém, se fizeres um périplo pelo mês de Julho no referido blog, encontrarás vários textos de verdadeiro ataque e perseguição à comunidade LGBT.
Tenho a certeza que, depois de os leres, assim como outros blogs em que os seus autores são claramente homofóbicos, pensarás um pouco antes de dizeres que os gays e lésbicas, em geral, são heterofóbicos e compreenderás porque tantos e tantas ainda são tão fechados sobre si próprios. É que a homofobia mais perigosa é aquela que sentimos existir numa classe de pessoas cultas, inteligentes e que detêm cargos de poder e decisão. Tenho a certeza que também acharás, depois de conheceres as circunstâncias, o meu PS razoavelmente elegante.
Nuno, a homossexualidade não é uma opção. Se o fosse, eu teria optado por ser heterossexual porque não teria muitos dos problemas que tive e que ainda tenho.
Li o teu texto que achei excelente.
Serás sempre bem vindo.
Um abraço
Cara Duca,
Paz, minha amiga. Se sentiste uma agressão em qualquer frase minha, peço-te que a consideres retirada, com as minhas desculpas. De resto, eu não sou muito do género de agredir, mas tento fazê-lo, se alguma vez o faço, de forma clara e inequívoca. Se achaste menos amigável alguma parte do meu comentário, isso deveu-se, sem dúvida, a uma menor habilidade da minha parte, quando me expressei.
O meu comentário foi, certamente, influenciado pela (muito curta) experiência que vivi, ao explorar alguns blogs congéneres, dos quais me senti repelido. Fiquei então com a sensação de que a agenda de vários membros da comunidade GLBT passava pela exclusão consciente e deliberada daquilo a que podemos chamar, insuficientemente, "o mundo exterior". Posso ter-te posto, indevidamente, na categorria dos que pôem tudo no mesmo saco, pelo que reitero as minhas desculpas.
Eu não tenho, em realidade, qualquer relação com a comunidade homossexual, nenhuma pessoa próxima, amigo ou familiar, que esteja relacionada com esse tema. Eu não o estou, pessoalmente, mas isso é tão importante como não ter uma cebola em cada orelha: não fiz nada para o evitar, e nada poderia fazer, se eventualmente o caso se desse.
Dizer que compreendo a tua posição é, na melhor das hipótese, uma atitude pífia. É como dizer a um regressado da guerra que compreendemos aquilo por que ele passou: qualquer pessoa pode imaginar as bombas a cair, mas nada disso substitui a vivência de quem esteve mesmo lá. Eu não quis criticar a hostilidade face aos homofóbicos, mas sim a sua generalização, face às restantes pessoas, que podem não ser GLBT, mas também não são, propriamente, a Ku-Klux-Klan.
Nota: por "outros", referia-me apenas aos homofóbicos, facto que (falha minha), não ficou perfeitamente claro no comentário, levando assim à tua refutação.
Em suma, não sou Gay, Lésbica, Bi ou Trans-sexual. Sou uma pessoa comum, como as pessoas comuns atrás mencionadas, e que apenas procura conversar sobre esses assuntos, e, particularmente, sobre a censura que proíbe tais conversas. Julgo que disse que não pertencia ao vosso grupo, mas talvez haja um ponto em comum, e de importância não dispicienda: não gosto do pensamento arregimentado, e que me digam o que devo ou não aprovar.
Por último, e como nota de rodapé, obrigado pelo comentário ao meu texto. "Excelente" será talvez exagero, mas espero que esteja, pelo menos, à altura dos (mais de quarenta) restantes, e que versam temas que não te interessam. Seja como for, terá sempre de ceder a primazia ao teu, que é incomparavelmente melhor. De resto, se não tivesse outra razão para o comentar, essa teria bastado.
Um abraço,
Nuno.
OOps, GLBT em vez de LGBT. Disléxia, juro, não ideologia. Palavra...
Nuno
Sou uma mulher de paz e não vi no teu comentário qualquer agressão, apenas uma opinião interessante e que mereceu a minha resposta.
"Excelente" será talvez exagero, mas espero que esteja, pelo menos, à altura dos (mais de quarenta) restantes, e que versam temas que não te interessam.
Interesso-me por muitos temas, por isso, farei um tour pelo teu blog e confirmarei se nesses mais de 40 há ou não temas que me interessam. :)
LGBT ou GLBT. Qualquer das expressões se usa, por isso, não te enganaste.
Um abraço
Um comentário final, a agradecer as tuas amabilíssimas palavras, no meu blog. Parece negligente só hoje as ter lido, mas a verdade - não a digas a ninguém - é que terminei hoje uma semana do que, tecnicamente, se chama férias.
És sempre bem vinda, onde quer que eu esteja, e só tenho a agradecer a simpatia com que retribuis uma disponibilidade idêntica. O facto agrada-me, mas não me espanta - sei que temos diferentes formas de estar na vida, mas suspeito, todavia, que orientamos essa vida por linhas semelhantes.
Um abraço,
Nuno.
Cara mia,
Me curvo perante sua integridade e autenticidade.
Estou honrada em ter entre minhas relações, mesmo que virtuais, alguém de sua extirpe.
Neste mundão de Deus...após atravessar um Atlântico, pelo virtual, encontro alguem tão belamente real em sua trajetória. Ahhh Portugal ...que tão longe estás!
Alem mar, para onde foi que suas águas carregaram meu pensar?
Gratidão por tão comovente, engraçada e verdadeira vida.
Diga-me o que faço eu agora?
Simplesmente captulo a seu charme.
Nas asas das ondas
Hedi
Enviar um comentário