Faço parte dos 53,4% dos eleitores que não foram votar nestas presidenciais.
Dizem os (des)entendidos que tal facto se terá devido a problemas com o cartão de cidadão e, imaginem, ao frio! Se as eleições fossem no verão diriam que tinha sido porque o pessoal preferiu ir para a praia.
Tem estado um frio do cacete e não é por causa disso que deixo de sair para tratar do que é necessário!
No início de Novembro obtive o meu cartão de cidadão com alteração de morada e de estado civil e já estou inscrita na freguesia onde moro, portanto, parece-me abusiva a desculpa de que a emissão do cartão de cidadão e o frio que se faz sentir, serem os causadores da fuga às urnas por parte de mais de metade dos eleitores portugueses!
Também não colhe o argumento da falta de cidadania que considero uma atitude arrogante de quem está convencido que pode passar um atestado de falta de cidadania a 53,4% da população eleitora deste país!
Há alguns anos que sempre que há eleições sejam elas legislativas, presidenciais ou autárquicas que me desloco às urnas e o meu voto é nulo!
Contudo, os votos nulos e os votos em branco deixaram de ser contabilizados e apresentados, pelo que, os cidadãos como eu que não se revêm em nenhum partido político ou candidato ficaram sem voz!
Assim, a única forma que encontrei de mostrar à nossa classe política incompetente, medíocre, mentirosa e corrupta o meu protesto, foi não indo às urnas!
E é extraordinário como ninguém se debruçou seriamente na retirada de ilações, que qualquer país democrático, deveria fazer perante a elevada taxa de abstenção, preferindo escudar-se em desculpas de mau pagador como a emissão dos cartões de cidadão, o frio e a falta de cidadania!
Qualquer dia, a taxa de abstenção deixará de ser contabilizada ou, se o for, não será apresentada!
Estou farta da conversa sobre a falta de cidadania dos portugueses, pois se há falta de cidadania neste país, é da parte da nossa classe política e sucessivos governos que nos prometem o contrário do que fazem e se convencem de que a governação de um país, apenas serve para o seu governo e de mais alguns apaniguados, boys ou o raio que os parta a todos!
6 comentários:
Muito bem! Compreendo e considero uma posição coerente, independentemente de ser em alguns pontos diferente da minha.
Amor, sempre me censuro ao fazer quaisquer comentários públicos sobre os que me acolhem em seu país.
Por respeito, por consideração e sobretudo por reconhecer meu pouco, quase nenhum, conhecimento sobre esta bela nação Portuguesa.
Porem, não posso deixar de comentar este seu post apropriado ao momento.
Abstenção elevada, quase no mesmo patamar que o do candidato eleito! É de fato preocupante e deveria ser analisado com cuidado, alem de ser um dado inequívoco para que os governantes e políticos coloquem suas barbas de molho.
O povo Português, de brandos costumes, tem força e poder nas urnas!
De qualquer forma, o estabelecido e o sistema também sempre mostra sua face nem sempre oculta e, na maioria das vezes espoliadora!
Duca,
Permito-me respeitosamente discordar da tua posição. Sem negar a ninguém o direito ao voto nulo / branco / abstenção, o que está em causa numa eleição presidencial é decidir quem vai ser o próximo presidente de Portugal. A pergunta que é feita ao eleitor é "qual destes seis?". Não é se concorda que seja um deles. Para mudar o sistema temos todos os mecanismos que as democracias prevêem - podemos escrever aos nossos deputados, manifestar a nossa opinião em blogs e abaixo-assinados, promover comícios e manifestações. Se nada disto nos bastar, podemos aderir a um partido com um programa próximo das nossas opiniões, ou mesmo fundar o nosso próprio partido. Mas as eleições são para dizer qual daqueles seis (neste caso) candidatos deve ser o presidente.
O caso das legislativas é um pouco diferente. Aí votamos na composição do parlamento, e cada deputado pode contar numa votação. A título de exemplo, eu não me identifiquei com nenhum dos partidos a votos nas últimas legislativas, mas o meu voto tinha o poder de ajudar a escolher um deputado. Acabei por votar num partido não elegível para governar, que se aproximava das minhas ideias (entre outras coisas, excluí à partida todos os partidos que se opunham ao casamento do mesmo sexo - não porque o assunto me diga directamente respeito, mas porque considero tal posição intolerável). Graças a mim, e outros que pensaram como eu, esse partido tem talvez mais um deputado na assembleia, a dar voz ao que mais se aproxima das minhas opiniões.
Nestas presidenciais, em que Cavaco Silva foi eleito com uma confortável maioria, cerca de 6% dos eleitores votaram branco ou nulo, presumivelmente em sinal de protesto. Eu fiz as contas na noite das eleições: se esses 6% tivessem votado em qualquer dos restantes candidatos, a votação de Cavaco Silva representaria 49,85% dos votos, forçando-o a disputar uma segunda volta com Manuel Alegre. Isso, sim, seria um cartão vermelho. Os brancos, nulos e abstenções apenas entregam a decisão nas mãos de quem efectivamente escolhe um dos candidatos propostos. E a escolha desssas pessoas pode não ser a tua.
PS. Bem vinda de volta a Portugal. É provável que isso tenha acontecido há bastante tempo, já há muito que não passava neste blog. Em nome da nação lusitana, as minhas calorosas boas-vindas à Andarilha.
Nuno,
Obrigada pelo comentário que li com atenção e com o qual talvez concordasse se continuasse a acreditar no sistema.
O sistema de que falo é aquele com que temos vivido há muito tempo, há demasiado tempo, Nuno.
E este sistema financeiro e político está gasto, é injusto e não funciona mais.
E neste sistema coloco, obviamente, a democracia. Mas qual democracia? Esta? A democracia das crises que se inventam e/ou se criam com as burlas dos bancos centrais e consequentemente uma minoria de pulhas e sanguessugas que vivem à custa da maioria?
Neste post: http://tempusblogandi.blogspot.com/2008/11/verdade-sobre-os-bancos-centrais.html
Transcrevi um texto que está na net e que se calhar já conhece (se não conhecer, apesar de longo, aconselho-o a ler) onde é dito, preto no branco, qual o miserável sistema em que vivemos, somos depenados, mas acima de tudo enganados sob a capa da democracia, do socialismo, do comunismo ou quejandos, em que quem manda é o povo. O povo? Qual povo? Aquele que é manipulado desde que nasce até que morre? Aquele que liga uma televisão, um rádio, uma net ou lê jornais e é constantemente amedrontado com ameaças do que vai acontecer se não pagar mais, não trabalhar mais e se sacrificar mais a bem do país? Aquele que usa e abusa da velha arma: o medo, para controlar?
Neste post http://tempusblogandi.blogspot.com/2010/08/neste-post-andarilha-transcreve-um.html transcrevo um estudo de Chomsky que fala disso mesmo e não resisti a fazer uma analogia com este post http://andarilhaestelar.blogspot.com/2010/08/ego-o-falso-centro.html da Andarilha em que ela coloca um texto de Osho sobre a forma como somos manipulados desde que somos concebidos.
Acha mesmo que se pelos menos 60% dos votos fossem nulos, em eleições presidenciais ou legislativas, que a classe política não tremia? Tremia sim, desde que obviamente esses votos fossem contabilizados e mostrados e não esquecidos como se não tivessem existido. Claro que o descaramento dos nossos políticos iria tentar desvalorizar essa votação, mas a verdade é que contra factos não há argumentos.
Cansei-me de fazer democraticamente tudo bonitinho e certinho! Não acredito mais na democracia e em nenhum sistema político baseado no sistema de crenças a que somos sujeitos desde que nascemos.
Aliás, em minha opinião este sistema político, financeiro e social, tal como o conhecemos, tem os dias contados, basta observar, com olhos livres das lentes que nos colocaram, para perceber isso.
Portanto, Nuno, agradeço o seu comentário, mas se em tempos concordaria com ele, actualmente já não.
Abraço
Nuno,
Peço-lhe desculpa pela minha indelicadeza, pois no post anterior esqueci-me de lhe agradecer, em meu nome e da Andarilha, as boas vindas a este maravilhoso país, infelizmente, tão mal tratado!
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