domingo, novembro 28, 2010

Os Miúdos estão bem e o mundo machista ainda melhor!

Eu estava avisada relativamente à mentira que é o filme “The Kids Are All Right” de uma tal Lisa Cholodenko, mas insisti em ir ver porque, sinceramente, quis acreditar que um filme cujas protagonistas principais são um casal de lésbicas com dois filhos tinha de ser bom, para ter tanto sucesso.

Engano! Esqueci que num mundo machista, um filme com um casal de lésbicas, só poderia ter sucesso, se aparecesse um macho a "comer" uma delas e a mostrar que, ao fim e ao cabo, sempre é verdade que as lésbicas só são lésbicas enquanto não lhes aparece pela frente "um homem como deve ser”!

De facto, um casal de lésbicas assumidas que se excitam com filmes pornográficos em que os protagonistas são homens e gays, convenhamos que é forçar muito a barra!

E, também, uma mulher que durante todo o filme dá mostras de ser lésbica e não bissexual, pois que, a certa altura, até diz ao moreno, viril, suado e peludo protagonista, “I don’t do men!” imediatamente antes de começar com ele uma cena de sexo intenso e explícito – algo que não se vê entre o casal de lésbicas, claro, pois no estereótipo, as lésbicas só fazem amor suave, ternurento e, preferencialmente com muita roupa – é forçar mesmo muito a barra!

A certa altura, na sala, ouvia-se um típico macho ibérico, provavelmente acabadinho de sair da coutada, rindo alarve e excitadamente com as cenas de sexo entre a “lésbica” Jules e o heterossexual, mulherengo e sexualmente incansável Paul, certamente porque no seu minimalista universo erótico cabe a ideia de que ele, o macho, irá conseguir, um dia, o grande feito de tornar hetero, uma lésbica. Talvez um dia alguém lhe diga ou mostre que essa fantasia erótica, não passa disso mesmo, de uma fantasia!

O filme é muito medíocre porque mente e, se é um sucesso de bilheteira, é porque juntou duas excelentes actrizes e arranjou uma forma de agradar ao universo erótico masculino. Nada mais!


6 comentários:

Andarilha das Estrelas disse...

Bem, nós comentamos bastante como o filme podia ser tão medíocre. Medíocre pela forma estereotipada como apresenta uma relação lésbica, até porque a família apresentada no filme é uma decorrência de tal.
E, sim, sexo selvagem, explícito, louco, desarvorado, viril e orgástico só com um gajo no meio!
O resto é brincadeirinha de médico.
Voce disse-o bem, um filminho muito bem desenhado ao erotismo masculino. A tal ponto que a senhora lésbica abre suas lindas pernas e baba de tesão pelo metrosexual latino com barba por fazer, aspecto sujo, bem animal!
Então tá!!!!!

Citadina disse...

Obrigada, nestes tempos de austeridade já poupei 6 Euros! :)

Alê disse...

Infelizmente, o filme tinha tudo para ser o exemplo que os relacionamentos lésbicos duram e podem realmente se ter uma relaçao de "familia".Mas até agora nao entendo para que essas cenas de sexo. Foi uma pisada na bola.
Tô tentando analizar com outro ponto vista, talvez o ponto de vista que os machos podem tentar, mas nunca vao conseguir ir até o fim, como Paul queria, acabando com o relacionamento e levando a familia para ele.

Nada supera The L word...

Duca disse...

Amor,

É um facto. Infelizmente, para a maioria das pessoas o sexo entre duas mulheres é isso mesmo que dizes: "brincadeirinha de médico". Santa ignorância!
Continuo sem perceber porque razão os(as) realizadores(as) de filmes gays colocam as protagonistas femininas como mães, irmãs, amigas dos gays e nos filmes lésbicos há sempre um protagonista masculino a fazer sexo com uma das lésbicas ou, mesmo, com as duas!
Se num caso se mostra a verdade, no outro mostra-se uma enorme mentira!

Duca disse...

Citadina,

Podes crer linda, só ganhas em não ires ver esse filmeco!

Duca disse...

Alê,

Eu não preciso de procurar o ponto de vista dos machos pois, como nós portugueses dizemos, "já o conheço de gingeira!"
Quanto a The L Word, não sou fã, porque é uma série que também mente ao colocar a maioria das protagonistas lésbicas como mulheres lindas e bem sucedidas, tentando com esta imagem limpar a outra que era a da lésbica feia, masculinizada e camionista. Portanto, pretendeu alterar um estereótipo com outro e, sinceramente, acho que não conseguiu.
Vi a primeira temporada, ainda consegui ver um pouco da segunda, mas fartei-me das mentiras!