segunda-feira, março 22, 2010

Cuba Libre



Quando tenho um pouco de tempo livre, ando pela net em busca de notícias e, também, de artigos de opinião de gente pertencente a vários quadrantes políticos. Leio as diferentes opiniões, porque gosto de estar informada e não quero ter apenas uma única história a acompanhar-me diariamente.

Ultimamente, têm surgido algumas notícias nos media sobre os dissidentes políticos cubanos, como Guillermo Fariñas em greve de fome para protestar contra a morte de Orlando Zapata Tamayo e exigir a libertação dos presos políticos ou, ainda, sobre as “damas de branco” – mulheres e mães de prisioneiros políticos – que realizaram uma marcha de protesto pacífica nas ruas de Havana no passado dia 17 e, que, depois de terem sido insultadas por alguns burgessos que berravam que as ruas pertenciam a Fidel (?!) foram levadas à força pela polícia.

Só quem é cego ou politicamente desonesto, desconhece, ou interessa-lhe desconhecer, o que se passa na Cuba dos irmãos Castro que exercem, há 51 anos, uma política terrorista de perseguição a toda a forma de dissidência e de crítica, com consequente violação sistemática dos mais elementares direitos humanos e onde se criam falsos processos contra os opositores para os meter em prisões imundas, sujeitando-os a vexames de os enlouquecer, matando-os ou, até, os impelindo ao suicídio.

Pobre povo cubano que convive com ditaduras desde há muitas décadas. Antes, foi a ditadura do fantoche pró-americano, Fulgêncio Batista, derrubada em 1 de Janeiro de 1959 pelos, então, auto-proclamados revolucionários e defensores dos pobres e oprimidos, Fidel Castro e Che Guevara, mas que, rápidamente, virou uma ditadura de esquerda com contornos de monarquia nos últimos anos.

Mas, se por um lado, já não me surpreendem notícias sobre a ditadura “comunista monárquica” dos manos Castro, não deixo de me surpreender com muitos daqueles que, sendo claramente de esquerda e cujos artigos de opinião contra regimes e partidos de direita a maioria das vezes concordo - porque contra qualquer forma de injustiça social, económica ou política - nada digam sobre as atrocidades que estão a ser cometidas em Cuba, em oposição às devotas exaltações que fazem a Che Guevara por altura do aniversário da morte deste!

Há inúmeras formas de se ser um devoto fundamentalista, por exemplo, através da religião ou da política, mas qualquer uma delas é extremamente perigosa.

Não há dúvida que sair da matrix é, de facto, muito difícil.

3 comentários:

Elionora Duran disse...

Por acaso também já tinha reparado nisso. Tem toda a razão!

Andarilha das Estrelas disse...

Amor,
É curioso notar que, lamentavelmente, a maioria defende suas "ideologias" e não os atos opressivos, seja de onde vier. Ou seja: O que importa não é o ser humano, mas tão somente a crença. Até porque, a imagem que têm de si mesm@s é "eu também não tenho importância". Uma falsa visão do coletivo. Tipo o que importa uma vida frente à milhares de vidas? esta crença, este condicionamento equivocado que justifica as atrocidades cometidas sobre um ser.
Peço licença , para aqui colocar uma pequena parte do excelente livro Escuta Zé Ninguém de Wilhelm Reich:
"Os homúnculos da tua estirpe aprenderam, assim, a abreviar o processo: fazem-no mais aberta e brutalmente. E dizem-te sem rebuços que tu, a tua vida, os teus filhos e a tua família não contam, que és estúpido e subserviente e que podem fazer de ti o que lhe aprouver. E em vez de liberdade pessoal prometem-te liberdade nacional. Não te prometem dignidade pessoal mas respeito pelo Estado; grandeza nacional em vez de grandeza pessoal. E como “liberdade pessoal” e “grandeza” são para ti apenas conceitos estranhos e obscuros, enquanto “liberdade nacional” e “interesses do Estado” são palavras que te enchem a boca, como ossos que fazem nascer a água na boca de um cão, não há amém que não lhes dê. Nenhum desses homens medíocres paga pela liberdade autêntica o preço que pagaram Giordano Bruno, Cristo, Karl Marx ou Lincoln. Nem tu lhes interessas a ponta de um chavelho. Desprezam-te como tu te desprezas, Zé Ninguém."
Recomendo vivamente a leitura desta preciosidade, escrito na prisão, por este que foi perseguido, feito prisioneiro pelo sistema "democaratico" capitalista americano. Sempre financiado pelos grandes laboratórios, claro!

Duca disse...

Meu amor,

Infelizmente a maioria das pessoas acha que tem de estar sempre de acordo com as afirmações ou posturas da filosofia, ideologia ou religião que seguem. Acham que se disserem ou fizerem algo que contrarie a filosofia, ideologia ou religião em que acreditam, viram traidores. E então as posturas, em resumo, são sempre uma destas: "Sou de direita, tudo o que a direita faz é fantástico e nada de bom vem dos energúmenos da esquerda" ou "Sou de esquerda, tudo o que a esquerda faz é maravilhoso e nada de bom vem dos palhaços da direita". As pessoas canonizam, por exemplo, Salazar ou Fidel, Hitler ou Estaline e os facilitadores das inúmeras religiões (padres, bispos, monges, freiras, papas, etc.) ou das filosofias esotéricas de banca de feira (tarólogos, astrólogos, bruxos, etc.) colocando-se a elas próprias amarras e dependências. E porquê? Porque dá uma trabalheira monstra viver fora da matriz, porque esta exige responsabilidade e soberania individuais o que, muitas vezes, tem como consequência a solidão de quem escolheu SER e a consequente critica e ataque da parte daqueles que continuam a viver dentro dela convencidos que eles é que estão certos. Um dia acordarão!

Esse excerto que colocaste do livro do Reich é excelente, mas o livro é absolutamente fabuloso e está na internet para quem quiser lê-lo. Neste link http://www.culturabrasil.pro.br/zip/zeninguem.pdf qualquer pessoa está a um click dessa obra-prima.