segunda-feira, agosto 07, 2006

Um imenso manicómio!




Há uma canção do Gary Jules, excelente por sinal, cujo título define bem o mundo em que vivemos, “Mad World”.

Dia após dia, as desavenças entre as pessoas com responsabilidade para decidir sobre os destinos dos respectivos países, a ambição desmedida, a ânsia pelo poder, os interesses e a ignorância de que padecem, colocam povos uns contra os outros, fomentando guerras sob a égide de ninharias. Por vezes, pergunto-me se algum dia haverá lugar para nos debruçarmos sobre aquilo que verdadeiramente importa, a Humanidade. Esta enorme loucura colectiva contribui para que cada vez mais o mundo se pareça com um imenso manicómio.

Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891) a mãe da Teosofia moderna, dizia que não havia maior mal para a Humanidade que a ignorância.

No entanto, Blavatsky não se referia à ignorância académica e científica. Ela tanto se referia ao materialismo científico e consequente cepticismo, como à fé cega causadora do obscurantismo. Ignorante, pode ser alguém com vários doutoramentos académicos, mas que ao nível da Sabedoria Eterna é um zero. Blavatsky afirmava que havia uma ciência antiquíssima das mais profundas leis da vida, estudada e preservada por aqueles que podiam usá-la com segurança e no sentido do bem. Perseguida com calúnias por desafiar os dogmas religiosos e a ignorância materialista, Blavatsky é actualmente vista por alguns sectores da sociedade como a grande percursora da nova era e ainda bem. Se alguns governantes lessem e reflectissem sobre o que ela transmitiu, talvez fossem menos ignorantes e percebessem o que é verdadeiramente importante.

Hoje, mais do que nunca, fala-se de paz, de solidariedade e igualdade de oportunidades e, no entanto, nunca se viu tanta guerra, egoísmo e desigualdade. Por vezes, penso que alguns políticos discursam sobre esses valores apenas para ficarem bem na fotografia, sem sequer se debruçarem sobre o seu verdadeiro significado. Por mais títulos académicos que possuam, por mais mordomias e honrarias que tenham, são uns ignorantes. Como pode esta gente dormir descansada? Eu não tenho nenhum cargo político e horrorizo-me com as imagens de um Médio Oriente devastado pelo ódio, com uma população civil agonizante e sem futuro e, garanto, que saber que existem tantos irmãos e irmãs a viver e a morrer naquele inferno tira-me o sono.

Esta sociedade patriarcal norteada pelos valores da competição selvagem, da supremacia do mais forte, da violência ao invés da convivência, do predomínio da razão sobre a emoção levou-nos ao completo descalabro em que vivemos. Tem-nos faltado os valores ligados à Deusa: a paz, a convivência na diversidade, a cultura, as artes, o respeito por outras formas de vida do planeta, etc.

Ambos, Deus e Deusa são as expressões da polaridade que permitiu que o Grande Espírito, o UNO, se manifestasse no universo. Essa polaridade não foi respeitada e, o que tem prevalecido é o princípio masculino causador de um terrível desequilíbrio com as nefastas consequências a que todos assistimos.

Aceitar e respeitar a Deusa como polaridade complementar do Deus nada tem de feminista é, apenas, o primeiro passo para a cura de nossa fragmentação dualística interior que terá reflexos positivos na forma de governar o nosso mundo onde os valores da paz, da solidariedade e da igualdade de oportunidades para todos, não sejam só palavras bonitas que ficam bem num discurso político.

2 comentários:

Logos disse...

Boa tarde DUCA.
Penso que entendi a sua ideia. Permita-me que deixe a minha.

Sempre que é polarizado um ponto outro de igual carga mas de sinal contrário surge. Não é pelo acto polarizador que obtemos o equilíbrio, mas sim, pela fusão das cargas. É o sal que encerra os princípios. O Homem conhece a matéria, julga conhecer o espírito e não sabe o que é a alma. Para que exista paz entre o Homem, a consciência do mesmo terá de varrer estes campos e ser una aos três.

Aguardo por mais textos seus.

Duca disse...

Agradeço-lhe o comentário. Concordo consigo quando refere que o Homem desconhece a Alma e julga conhecer o Espírito. Na verdade desconhece ambos e polariza-se apenas na matéria. O princípio feminino não foi só ignorado, foi mesmo desprezado e rejeitado e o resultado está à vista. Continuo a defender que não deve existir a supremacia de um princípio mas, sim, a coexistência entre os ambos a bem do equilíbrio.
O Tempus Blogandi é muito recente, mas prometo mais textos.
Estive a navegar no seu Anima Mundi e dou-lhe os parabéns, pois foi para mim uma agradável surpresa.

Fique em Shanti.