segunda-feira, março 29, 2010

Falta pouco rapaziada!



Nesta liga portuguesa de futebol, onde o sotaque que mais se ouve é o português com açúcar dos jogadores brasileiros, o capitão Luisão, em dia inspirado, rico menino, fez o golo da vitória do meu Benfica.
Ai tanta azia lá prós lados do norte, carago!
O brasileiro Mocotó (ou lá como o homem se chama) do Sporting de Braga, em dia aziago partiu uma perna e depois do jogo em vez de dizer: "Ninguém merece, fala sério!" desatou a disparar, feito queixinhas, contra os jogadores do Benfica.
Fiquei com muita pena do rapaz mas sei que a cumbersa dele, mais do que consequência da medicação para as dores e mais do que destinatário, tinha remetente!
Peçam umas pastilhas rennie ao Pinto da Costa que ficam todos melhorzinhos!

segunda-feira, março 22, 2010

Cuba Libre



Quando tenho um pouco de tempo livre, ando pela net em busca de notícias e, também, de artigos de opinião de gente pertencente a vários quadrantes políticos. Leio as diferentes opiniões, porque gosto de estar informada e não quero ter apenas uma única história a acompanhar-me diariamente.

Ultimamente, têm surgido algumas notícias nos media sobre os dissidentes políticos cubanos, como Guillermo Fariñas em greve de fome para protestar contra a morte de Orlando Zapata Tamayo e exigir a libertação dos presos políticos ou, ainda, sobre as “damas de branco” – mulheres e mães de prisioneiros políticos – que realizaram uma marcha de protesto pacífica nas ruas de Havana no passado dia 17 e, que, depois de terem sido insultadas por alguns burgessos que berravam que as ruas pertenciam a Fidel (?!) foram levadas à força pela polícia.

Só quem é cego ou politicamente desonesto, desconhece, ou interessa-lhe desconhecer, o que se passa na Cuba dos irmãos Castro que exercem, há 51 anos, uma política terrorista de perseguição a toda a forma de dissidência e de crítica, com consequente violação sistemática dos mais elementares direitos humanos e onde se criam falsos processos contra os opositores para os meter em prisões imundas, sujeitando-os a vexames de os enlouquecer, matando-os ou, até, os impelindo ao suicídio.

Pobre povo cubano que convive com ditaduras desde há muitas décadas. Antes, foi a ditadura do fantoche pró-americano, Fulgêncio Batista, derrubada em 1 de Janeiro de 1959 pelos, então, auto-proclamados revolucionários e defensores dos pobres e oprimidos, Fidel Castro e Che Guevara, mas que, rápidamente, virou uma ditadura de esquerda com contornos de monarquia nos últimos anos.

Mas, se por um lado, já não me surpreendem notícias sobre a ditadura “comunista monárquica” dos manos Castro, não deixo de me surpreender com muitos daqueles que, sendo claramente de esquerda e cujos artigos de opinião contra regimes e partidos de direita a maioria das vezes concordo - porque contra qualquer forma de injustiça social, económica ou política - nada digam sobre as atrocidades que estão a ser cometidas em Cuba, em oposição às devotas exaltações que fazem a Che Guevara por altura do aniversário da morte deste!

Há inúmeras formas de se ser um devoto fundamentalista, por exemplo, através da religião ou da política, mas qualquer uma delas é extremamente perigosa.

Não há dúvida que sair da matrix é, de facto, muito difícil.

quarta-feira, março 17, 2010

Uma única história



- Olá querida, como estás?
- Olá linda! Estou bem e tu?
- Também! Gostava imenso de te ver. No próximo sábado faço um jantar lá em casa. Queres aparecer?
- Claro! Posso levar a minha namorada?
- Tens uma nova namorada? Que bom! Claro que podes! Quem é ela?
- Não conheces. Ela é brasileira e está cá de visita.
- Brasileira?! Ahn, ok … hum …
- O que se passa?
- Bom, conheces-me e sabes que digo sempre o que penso.
- Então diz!
- Tinhas mesmo que arranjar uma brasileira??? Não sabes que elas se deitam com quem lhes aparece à frente?
- Mas o que estás a dizer? Não te sabia tão preconceituosa!
- Não sou preconceituosa, sou só realista! Mas, tu é que sabes! Quando te correr mal, aqui estarei para te ajudar. Então, posso contar contigo e com a … a … a brasileira?


- Pá, tou bué da feliz! Surgiu-me uma excelente oportunidade para ir trabalhar para África e se tudo correr bem consigo ganhar umas boas coroas!
- Mas tu tás maluco ou apanhaste sol a mais, meu? Então tu vais para a terra dos pretos sujeitares-te a levar um balázio no meio dos olhos, daquela cambada de assassinos racistas que odeiam brancos e ainda achas que “tudo vai correr bem”? Queres voltar a Portugal num caixão? É isso que queres? Se te queres suicidar, não precisas ir para aquela terra de gente corrupta e miserável que mata por dá cá aquela palha! Tem juízo meu!


- Olha só aquilo! Coitadinhos parecem uns idiotas! Estes não são aqueles "qualquer coisa" Krishna?
- Hare Krishna. Não parecem idiotas, eles são uns idiotas. As roupinhas cor de laranja e as cabeças rapadas, então, são um must!
- Caramba! Vê lá a lavagem ao cérebro a que estes pobres coitados são sujeitos para fazerem figuras tristes destas e ainda por cima sorriem e parecem felizes, os imbecis!
- É o que dá andarem metidos em seitas de gente que só quer ganhar dinheiro à custa dos outros!
- É. Mas essa gente diz-se muito espiritual! Aproveitam-se de gente ingénua e papalva para os manipular a seu belo prazer! Cambada! Eu dava-lhes a espiritualidade!



Quem ler estas três histórias deve pensar que as situações descritas são criação minha. Contudo, engana-se! Qualquer uma destas situações, com uma ou outra nuance, se passou comigo. Na primeira, eu era a que tinha arranjado uma namorada brasileira. Na segunda, eu fui a que chamou maluco ao meu amigo. Na terceira eu era a que chamava idiotas aos Hare Krishna e desdenhava das suas roupas e cabeças rapadas. E, isto, aconteceu com toda a força do meu preconceito! Na verdade, o que chegou ao meu conhecimento, e que eu ouvi e acreditei, foi uma única história sobre o que se passava naquele continente e sobre aqueles que se atrevem a viver e a pensar de modo diferente do meu e, obviamente, da maioria.

E você, leitor(a)? Julga-se liberto(a) de preconceitos resultantes da única história que lhe foi contada ou, pior ainda, da única história que inventou?

Pobre de quem se julga livre de preconceitos porque não faz a mais pálida ideia de quem é, e essa, é a mais terrível e temível das ignorâncias!

A aclamada escritora nigeriana, Chimamanda Ngozi Adichie (15 de Setembro de 1977) autora, entre outros, do livro “Half of a Yellow Sun” - à venda em Portugal com o título “Meio Sol Amarelo” – residente nos EUA desde 1996 e cujas obras são a jóia da coroa da literatura das comunidades radicadas fora da própria pátria, nesta conferência, fala-nos, com extraordinário sentido de humor, inteligência e sabedoria, sobre os perigos que advêm de contarmos, inventarmos, ouvirmos, acreditarmos e sairmos repetindo uma única história sobre seja quem ou o que for.

Aconselho-vos vivamente o visionamento do vídeo da conferência que deu origem a este post e, já agora, ao que sobre o mesmo assunto diz a minha brasileira aqui e, ainda, aqui.

segunda-feira, março 08, 2010

100 anos!


Não costumo comemorar o dia internacional da mulher. Preferiria que ele não existisse porque isso quereria dizer que não haviam desigualdades entre géneros.
Contudo, como hoje faz 100 anos que se comemora o dia internacional da mulher, quero assinalar a data para lembrar como a Humanidade é lenta, muito lenta. Caramba, já lá vão 100 anos de lutas e, em muitos países, as mulheres continuam a ser tratadas como objectos e noutros, como o nosso, as desigualdades, por exemplo, salariais, ainda são uma realidade e a violência doméstica exercida sobre as mulheres, tendo muitas vezes como resultado o assassinato, outra.
Mas, a este estado de coisas, não são alheias as próprias mulheres!
De facto, a vida vai correndo e nós, mulheres, não percebemos como os outros criam expectativas relativamente a nós e, como nós próprias, caímos na esparrela de as tornamos nossas!
Temos de ser bonitas, sexys, perfeitas, amorosas, compreensivas, amantes carinhosas e muito sensuais, boas esposas, excelentes donas de casa, inteligentes, cultas, bem sucedidas na profissão, mães dedicadas que superam todos os desafios e, tudo isto, mesmo quando estamos esgotadas de cansaço!
O que eu desejo a todas as mulheres, é que se aceitem como são, com todas as suas imperfeições e limitações mas, também, com todas as suas qualidades e pontencialidades, tendo sempre presente que não são super mulheres – apesar de que às vezes andam lá perto – e, portanto, que têm todo o direito a fazerem o que vos der na real gana, inclusive, comer a caixa inteira de bombons de chocolate sem partilhar com ninguém e sem qualquer culpa, vestir o pijama e calçar os chinelos quando chegam a casa, arrumar o estojo de maquilhagem na prateleira de cima do armário da casa de banho, encomendar pizza para a família, mandar o marido tratar das crianças para ele ficar bem cansado e não vos chatear com ataques de libido ou, caso as crianças já estejam a tratar das suas vidinhas, atirar para o lixo a caixa de viagra dele, entre outras coisas.
A única coisa a que devem sentir-se obrigadas é a apaixonarem-se por vós próprias e a serem felizes!