No passado domingo foram as eleições para a prefeitura (câmara municipal) das 26 capitais de estado do Brasil. Destas, 15 já elegeram tanto os prefeitos (presidentes de câmara) como os vereadores, faltando decidir na 2ª volta 11 capitais de estado.
Do resultado, há um reforço do PT e, consequentemente, de Lula da Silva. O PT, até agora elegeu seis prefeitos, em Recife, Fortaleza, Vitória, Palmas, Rio Branco e Porto Velho. O PMDB (aliado do PT no governo) conquistou Campo Grande e Goiânia. O PP conquistou Maceió e Boa Vista. O PSB manteve a Prefeitura de João Pessoa. O PC do B conquistou Aracaju e o PV Natal.
Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro vão escolher os respectivos prefeitos na 2ª volta.
Em São Paulo a disputa será entre o actual prefeito Gilberto Kassab do DEM e Marta Suplicy do PT.
Mas a surpresa foi na “cidade maravilhosa” com a passagem à 2ª volta do candidato do Partido Verde, Fernando Gabeira que derrotou o candidato do PRB, o evangélico Marcelo Crivela. Assim, Gabeira vai "à final” com Eduardo Paes do PMDB.
Ora, a minha especial atenção sobre o que se passa no Brasil em termos políticos prende-se com o facto de, muito em breve, eu ir para lá viver.
Sou lésbica e interessa-me que o PT saia reforçado destas eleições pois, perspectiva-se, assim, uma vitória do PT nas eleições de 2010, já não com Lula da Silva, mas com a candidata por si apoiada, Dilma Rousseff.
E, interessa-me, porque é do conhecimento geral que o PT apoia a luta da comunidade GLBTT brasileira no acesso aos tais 37 direitos que lhes são negados.
De qualquer modo, apesar de satisfeita com o resultado destas eleições, até ao momento, não posso deixar de fazer uma forte crítica à comunidade GLBTT carioca que “deixou cair” Roberto Gonçale, candidato a vereador, homossexual assumido e um activista de mão cheia. De facto, não percebo os 348 votos do candidato! É que não é preciso fazer contas complicadas para se perceber que a maioria dos eleitores GLBTT do Rio de Janeiro não votou nele. Os pequenos “poderzinhos” atacam em todas as frentes e as comunidades GLBTT de todo o mundo não lhes são imunes. Certamente que a eleição de Roberto Gonçale não traria os dividendos que as organizações GLBTT esperam vir a ter com a eleição de outro candidato.
Triste, mas sobretudo, de lamentar, pois deram, de mão beijada, um forte argumento à oposição homofóbica: “se os próprios GLBTT não votam nos candidatos com a mesma orientação sexual, somos nós que vamos defender os interesses deles?” Pois é, depois reclamam que lhes são negados direitos!
Tirando esta decepção, não posso deixar de salientar o facto de os brasileiros estarem cada vez mais convictos de qual o partido que, em geral, melhor defende os seus interesses. É que foi com o PT de Lula da Silva que, pela primeira vez, o Brasil saldou por completo a sua dívida externa. E este, minha gente, é um dado importantíssimo para qualquer país que deseja crescer em termos económicos.