segunda-feira, julho 30, 2007

Parece anedota, mas não é!

A propósito do conselho que a Cristina me deu, no post anterior, onde me diz para passar a levar de casa a sopa na marmita para me compensar das saudades da comida da Jacinta nos próximos dias, lembrei-me de uma situação contada, há uns largos anos, por uma senhora amiga dos meus pais, numa das muitas reuniões familiares e com amigos que faziam parte das nossas noites de sexta-feira, em África, no alpendre da nossa casa.
Eu era miúda, mas recordo-me da história muito bem como se me tivesse sido contada hoje. Vou contá-la na primeira pessoa tal como a contou a tal senhora.

"Há uns anos, quando ainda me encontrava na Metrópole a viver em Lisboa, recebi um telefonema. Do outro lado ouvi uma voz feminina que me dizia isto:

- Ó menina, estou muito preocupada porque ando aqui às voltas, às voltas e não consigo encontrar nada onde lhe possa levar a sopa ao trabalho. Nunca vi uma cozinha tão vazia na minha vida de criada. O que faço?

Como a mulher nem perguntou se estava a falar com a menina dela ou não, respondi-lhe:

- Que chatice! Mas eu não posso ficar sem a minha sopa! Arranja qualquer coisa onde a possas trazer!

A mulher continuou, convencida que estava a falar com a outra:

- Ai menina, mas isso já eu fiz e não encontro nadinha. Até ‘tou aqui assim numa nervoseira porque sei, que a menina já me disse, que não passa sem a sua sopinha, mas é o primeiro dia que estou a trabalhar para si e já dei voltas à casa e não encontro nada para lhe levar a sopa! A outra criada deve ter-lhe roubado tudo!

- Pois, talvez, foi por isso que ela foi despedida, por ser ladra! Que chatice, devia ter ido comprar outra marmita, mas esqueci-me! Mas não há aí mesmo nada onde me possas trazer o raio da sopa?

A mulher já quase à beira de um ataque de nervos:

- Não menina, revirei tudo, tudo, até atrasei o resto do trabalho à procura de qualquer coisa para lhe levar a sopa!

Pensei rapidamente e disse-lhe:

- Olha lá, não tens aí o balde?

- Qual balde menina? Só cá há o do lixo!

- Isso mesmo! Vais fazer o seguinte: lavas o balde do lixo muito bem, desinfectas muito bem, tornas a lavar e depois de lavadinho e seco, metes lá a sopa e trazes!

- Ó menina, mas no balde do lixo? Onde é que já se viu uma coisa dessas? A menina desculpe mas isso não tem jeito nenhum! Levar-lhe a sopa no balde do lixo? Ai a minha vida!

- Ó mulher, se sou eu que te estou a dizer para a trazeres no balde do lixo só tens de fazer o que te digo, ora! E não admito mais discussões! Sem a minha sopa é que não passo! Portanto, trá-la no balde do lixo e acabou a conversa que tenho mais que fazer!

- Ai menina que coisa mais esquisita, mas pronto, eu levo-lhe a sopinha, feita com tanto carinho, no balde do lixo!

- Já sabes, lavas, desinfectas e voltas a lavar muito bem antes de lá meteres a sopa, está bem? E não te preocupes mais que amanhã compro uma marmita!

- Sim, menina!

Desligou. Juro que dava qualquer coisa para ver a pobre mulher chegar ao local de trabalho da outra com a sopa no balde e, ainda mais dava, para ver a cara daquela!"

sexta-feira, julho 27, 2007

Ora bolas, a Jacinta vai de férias!


No ano passado, falei neste espaço do restaurante onde costumo almoçar! Foi no post "Straights e Marmanjas".

Pois é, a Jacinta, a proprietária do dito, vai de férias! Eu sei que a mulher tem direito a elas, mas estou triste. Onde é que agora vou almoçar? Eu, que sou uma gaja de hábitos, que gosto de comida fresca, bem confeccionada e caseira, sinto-me meia perdida! É que vou ficar quase um mês sem poder pôr os "cotos" na Jacinta! (Salvo seja, que a mulher até é homofóbica).

A Jacinta é uma boa mulher (eu não disse uma mulher boa, ok?) sempre preocupada com as pessoas que religiosamente ali vão comer e transformou o restaurante num local onde temos a sensação de almoçar em casa. Portanto, ela é homofóbica, mas por hábito, quer dizer, nunca ninguém deve ter tido uma conversa com ela sobre estas questões e, portanto, como só ouviu dizer mal das "fufas horrorosas de cú grande" e dos "paneleiros cheios de plumas", só pode ser contra esta "gentinha". Eu, também não me dou a esse trabalho, porque a mulher até está convencida que sou "uma senhora casada". Por acaso, de certa forma até sou, mas não nos moldes que ela julga e, sinceramente, não a quero contrariar, porque sou tão bem tratada, com tanto desvelo que me estou nas tintas se ela me julga casada com um gajo.

A Jacinta trata todos os homens por "meninos" e as mulheres por "doutoras" "senhoras" ou "meninas".

Agora, imaginem um matulão de 1,90, com ar de poucos amigos e um vozeirão, ser tratado desta forma: "Ó menino, falta aí alguma coisa?" ou dirigir-se a um indivíduo idoso, apoiado numa bengala e um certo ar distinto, assim: "O menino não vai querer sobremesa?" Garanto-vos que é de rir até às lágrimas!

Enfim, estou numa preocupação doida porque não faço ideia onde vou almoçar nos dias que me faltam até às minhas férias!


Help!


quinta-feira, julho 26, 2007

A propósito do post anterior ...



... aqui está um bom exemplo de alguém que se recusa a "viver de joelhos"!
Leiam que vale a pena.

terça-feira, julho 24, 2007

Não cumprem a lei???


Mas na Madeira não cumprem a lei e nós ficamos todos caladinhos? Temos medo de quê e de quem? Está tudo doido? Isto agora é à vontade do freguês?

É Portugal no seu melhor! Há coisas que este povo aguenta que mais nenhum aguentaria. Não há dúvida que cada vez mais me convenço que em vez de sangue nas veias, temos água mineral!

Se fosse noutro país, há muito que um qualquer atirador furtivo teria enfiado um balázio na cabeça do energúmeno!

Não há dúvida que os brandos costumes só nos têm servido para alimentar incompetentes, escroques e ditadores!

Desculpem-me a linguagem, mas há notícias que me põem fora de mim.

Para descarregar a ira, vão-nos valendo desabafos destes!


segunda-feira, julho 23, 2007

Europride. Fim de semana em Madrid - A aventura III

Continuação ...

30/06 - 23h30

O desfile tinha terminado mas a festa não. A Plaza de España fervilhava de animação.

A e R tinham quase milagrosamente conseguido encontrar-nos no meio de uma multidão de mais de milhão e meio de alminhas, com indicações dadas por D ao telemóvel, é certo, mas mesmo assim não deixava de ser complicado.

Apesar da boa disposição, os pés, a sede e a fome começaram a torturar-nos. Seguindo as indicações de A lá fomos, agora oito, até um bar em busca de néctar para as nossas gargantas e algum alimento para os nossos estômagos.

Como não podia deixar de ser, o bar abarrotava, mas a um canto estava uma cadeira vazia onde, sem demoras, me sentei enquanto fazia aquilo que os meus pobres pés tinham vontade mas não capacidade: suspirar de alívio.

A, é um homem muito bem parecido e alto, o que foi uma bênção para ser visto por quem, atarefado ao balcão, servia bebidas. Em pouco tempo, conseguimos estar todas de copo na mão bebendo sofregamente as respectivas cervejas.

Na minha primeira incursão à casa de banho para responder a uma necessidade fisiológica, reparei que o piso de cima era um restaurante que estava a servir jantares e tinha mesas vazias.

Quando desci, com um sorriso de orelha a orelha, informei o grupo que ali se jantava. Lembrámo-nos da nossa tremenda fome – que apenas tinha sido suavizada pelo consumo das cervejas – e decidimos de imediato ir para o andar de cima onde nos pareceu, de repente, ter chegado a um mundo aparte tal era o sossego.

Um empregado ouviu-nos falar em português e muito contente desatou a falar no seu português com sotaque brasileiro. Contou-nos que era de Florianápolis no sul do Brasil, mais propriamente, no estado de Santa Catarina e que a vida dura que lá tinha o obrigou a dar o salto para a Europa à procura de melhores oportunidades.

Trataram-nos muitíssimo bem e o que foi que comemos? Tapas, claro, que estavam deliciosas, por sinal.

O jantar decorreu animado e A, apesar de ser o único homem no meio de sete mulheres – entre as quais uma heterossexual (R a mulher dele) uma bissexual e cinco lésbicas – não se mostrou nada incomodado e como cavalheiro que é, divertiu-se e divertiu-nos. Se todos os homens fossem como A, o mundo era um local tão mais agradável e feliz!

Pelas 02h00, já confortáveis, sem sede, com os estômagos cheios e muito felizes, resolvemos ir acabar a noite numa discoteca.

Em Lisboa, uma amiga tinha-me aconselhado a Medea que é um género de Maria Lisboa mas com espaço para 2000 pessoas. Toda a gente concordou, mesmo depois de eu ter explicado a A e R que a referida discoteca era maioritariamente frequentada por mulheres lésbicas e bissexuais. Para o casal A e R, homofobia é uma palavra que não existe no seu vocabulário e, portanto, iriam para onde quiséssemos.

Lá fomos a pé para o local da discoteca, com L a fazer um enorme sucesso junto de quem por ela passava, com o seu chapéu de abas largas do camuflado colocado à cow-boy, cinturão da tropa onde tinha presas um par de algemas revestidas a tecido vermelho, no topo do braço direito uma tira em couro entrançada e uma t-shirt decotada, sem mangas e muito justa que dizia na zona dos seios: Silicone Free.

No caminho, T que já esteve em Madrid várias vezes, lembrou-se de um local muito bonito com várias salas e respectivas pistas de dança onde, em cada uma, havia um estilo diferente de música. Quando passámos junto ao Palácio Gaviria decidimos ficar por ali porque pensámos, e bem, que na actual Madrid, mesmo numa discoteca predominantemente heterossexual, ninguém nos iria aborrecer por dançarmos umas com as outras.

O Palácio Gaviria é uma jóia aquitectónica do século XIX, construído em 1850 e inspirado no renascentismo italiano. Vão ao site e façam um tour que vale a pena.

Eu e F decidimos sentar-nos numa das salas a conversar (eu aproveitei para desenrolar o meu francês) enquanto bebericávamos coca-colas. Durante algum tempo, ainda fomos assediadas por um indivíduo que tentou por várias vezes meter conversa sempre da mesma forma. O homem, ou estava muito bêbedo ou então tinha uma memória correspondente à de um peixe, ou seja, com a duração de 10 segundos. Portanto, ao fim de 10 segundos, já tinha esquecido tudo e lá voltava ele à carga: “muchas buenas noches tengan ustedes, señoritas, me llamo Paco, no quiero molestarlas pero simplemente decirles, hola!” e eu, de acordo com o que ele pretendia e munida de uma infinita paciência, respondia-lhe: “Hola!” F punha uma cara ceráfica e não articulava palavra. O homem insistia com ela: “Habla español?” ao que ela respondia: “Non!” o que não deixa de ser mentira pois fala um razoável espanhol e até já dá uns toques no português. Enfim, o homem acabou por desistir e lá foi “destilar” o seu charme para outras paragens, deixando-nos sossegadas.

Pelas 05h30 deixámos o Palácio Gaviria que continuava cheio e, depois de nos despedirmos de A e R que se tinham hospedado num quarto de hotel localizado por perto, fomos até uma estação de metro para apanharmos o primeiro, às 06h00, que nos levaria até aos nossos quartos de hotel. Na tarde seguinte, F tinha uma viagem de comboio para Paris e nós as cinco, um regresso a Lisboa de carro, para além de que tínhamos de largar os quartos até às 12h30.


01/07 - 12h30

Eu e T fomos as primeiras a fazer o check out do hotel e ficámos a aguardar no lobby pelas outras. L, C e D estavam na cola para fazerem o ckeck out há imenso tempo porque a moça que estava a atender não despachava um indivíduo que se encontrava em primeiro lugar.

Um galego que também se encontrava na mesma cola resolveu destressar dizendo algo do género “Devem estar a filmar-nos com uma câmera oculta, tipo candy camera!” Claro que estoirou tudo a rir, menos a moça que não deve ter gostado da piada.

Quando finalmente resolvemos as questões com o hotel, lá arriscámos metermo-nos as seis no carro porque iríamos almoçar, novamente tapas, e deixaríamos F num metro que a levaria directamente para a estação de comboios.

O calor era imenso e parámos numa esplanada de um dos lados da Castellana para nos alimentarmos. As tapas estavam una mierda mas as bebidas, muito geladas souberam-nos “que nem ginjas” apesar do café ser otra mierda o que por aquelas paragens é normal.

Na mesa ao lado, estavam dois indivíduos e um deles meteu conversa connosco perguntando-nos se éramos lesbianas, se tínhamos vindo ao Europride e se tínhamos gostado. Dissemos que sim e lá continuou num monólogo sobre os casamentos gay que interrompia fazendo perguntas a C (com quem engraçou) que não primavam pela discrição e que recebiam, como resposta, uns lacónicos “sim” e “não”. Sem que lhe fosse pedido e pouco antes de se ir embora, deixou o número de telefone a C num pequeno papel que obviamente acabou embebido num resto de café dentro de uma chávena. No entanto, imediatamente antes de se ir embora, teve a lata de nos dizer para não sermos gulosas e deixarmos algumas mulheres para os homens heterossexuais. Entreolhámo-nos desconcertadas enquanto F murmurava: “pauvre type!”

Depois de nos despedirmos de F, afastámo-nos discretamente para que esta e D se despedissem de forma amorosa. Ao fim e ao cabo só se veriam dali a um mês.

Tinha chegado a hora de rumarmos a Lisboa e, ligado o GPS, pusemo-nos a caminho.

Ao fim de uns quilómetros, necessitámos fazer uma paragem numa estação de serviço.

Em Espanha, as estações de serviço ficam, muitas vezes, longe das autovias o que nos obriga a sair da rota. O GPS informava que se estava a reprogramar e a voz gravada dizia o mesmo, até que entrou em looping e calou-se. Desatámos a rir com comentários que punham “a pobre senhora do GPS traumatizada e demitindo-se de funções porque não conseguia atinar com umas malucas que só faziam o que queriam não lhe ligando nenhuma!”

Quando saímos da estação de serviço, acabámos por nos perder e já estávamos de volta a Madrid. Depois de darmos com a nossa saída, colocamo-nos de novo na rota correcta. Não demorou muito e lá estava a voz feminina gravada “mantenha-se à direita. A 2 km vire à direita!” a risota foi geral.

Entrámos em Portugal e C lembrou-se que poderíamos jantar em Évora no Fialho. Fartinhas de tapas e com saudades de uma comida típica portuguesa, concordámos todas, mas para grande pena nossa o restaurante estava fechado. Vimos um outro que só serviria a partir das 20h00 o que nos obrigaria a esperar uns três quartos de hora. Com quase tudo fechado, acabámos por ir dar a um restaurante que não tinha o que desejávamos e com um serviço de mesas muito deficiente. Jantámos, é um facto, mas não ficámos satisfeitas.

Chegámos a Lisboa pelas 22h30, cansadas mas muito bem dispostas com um fim de semana diferente e lleno de alegria y locura.

Fim

quarta-feira, julho 18, 2007

Há comentários que valem posts!

Pois é, minha gente, há mesmo comentários que valem posts. Correndo o risco de ser por vós considerada a maior chata do planeta, tenho de aqui deixar publicamente o meu agradecimento e apreço à Ferónica pelo seu, este sim, excelso comentário a mais uma pérola Alexandrina. Começo por transcrever o post do referido senhor e depois segue a transcrição do comentário da Ferónica.

"Pride! De Quê?
Duca, com elegância, argumentou e merece portanto uma resposta mais cuidadosa.
Tanto quanto me lembro não escrevi nada sobre os casamentos, mas digo-lhe já que não vejo qual a vantagem que os LGBT encontram nele.
Claro que estou a falar de casamentos pelo civil, pois tenho a certeza que não está a pensar em solicitar um casamento religioso com um padre a dar a sua bênção e a desejar que o casal seja feliz e tenha muitos meninos.
È natural que se queira partilhar os bens em vida e na morte e para tal, qualquer contracto servirá.
Estarei a ver no seu problema um desejo de protagonismo e, vencida mais uma natural barreira, partirem para outra luta fracturante?
Quanto ao resto vamos ver se consigo pôr o meu pensamento muito claro.
A mim não me interessa o que uma, duas ou mais pessoas fazem na privacidade de suas casas ou de um qualquer clube especializado.
Incomoda-me sim, que em público protagonizem cenas do privado, e isto aplica-se mesmo aos casais normais quanto mais aos outros.
É muito possível que não consiga reparar mas quando protagonizam esses desfiles estão simplesmente a exibir uma grotesca diferença que serve principalmente para gáudio daqueles que nos passeios vos fotografam.
O pudor e o recato são parte integrante da mulher.
Tanto assim que uma própria lésbica se confessa:
- Houve uma cena que me marcou para todo o sempre e fez-me entender que eu não sou assim tão liberal quanto eu pensava que era… vi um threesome, três mulheres, uma delas seria a líder e entrou acompanhada de outras duas que a beijavam à vez… foi algo alucinante para mim, e só não levei um cascudo da líder porque estava escuro e ela não deve ter visto o meu ar horrorizado!Dentro do género portanto eu encontro-me encostada ao lado mais conservador da coisa, gosto das coisas feitas com rigor, com decência, com honestidade e dignidade. -
E por falar em normalidade (entenda-se a palavra pelo seu real valor e não se pense que estamos a falar em nenhum Shrek).
Temos que ser sinceros.
Ou se é ou não se é.
E a verdade é que o normal é um homem amar uma mulher e vice-versa, ora se isto é normal, como é que a senhora (se por acaso for a parte activa da relação, peço desculpa) quer chamar aos outros?
Pois, diferentes, mas a verdade é que não correspondem ao padrão da normalidade que mal ou bem têm servido para a espécie continuar.
Seria bom não confundir normal com natural.
Acho que coloquei o que penso sobre o assunto.
Resumo:
Em privado façam o que entenderem, em público comportem-se como as senhoras que são, penso eu."

"Caro Fado Alexandrino
Começo por pedir desculpa por me intrometer numa conversa que embora do domínio público tem um carácter reservado, uma vez que se dirige explicitamente à Duda.
Não é meu hábito intrometer-me nas conversas, nem mesmo quando a elas posso legitimamente assistir, como é o caso. Se o faço é apenas porque na observação que teve a amabilidade fazer ao meu comentário do seu post de 15 de Julho dizia: “…Quero crer que a senhora e a outra senhora perceberão melhor o meu pensamento com o próximo post com o qual darei por encerrado este assunto. “ Assim sinto-me com legitimidade para pensar poder comentar o seu ultimo post sobre este tema, e com reciprocidade, dar também por terminados os meus comentários acerca das suas opiniões sobre este tema no seu blog. Neste ultimo post o seu tom mudou ligeiramente, não posso de maneira nenhuma concordar com o conteúdo do que escreveu mas tenho que concordar que melhorou significativamente quando comparado com os dois posts anteriores. Pelo menos é mais correcto. Já não se vêem frases e ideias tão jocosas como algumas das contidas nos seus dois primeiros posts. Apenas para poupar trabalho a quem possa chegar a meio da nossa conversa cito duas das várias afirmações a que me referia:
“ … A vergonha é igual em público ou no privado e se num dos lugares não mostram qualquer pudor em se lamberem umas às outras, porque razões teriam de o fazer em público?”
“Já ouviram alguma criança que diga que o pai é um dildo?”
Pela melhoria no nivel do discurso e pelo aumento na tolerancia (pelo menos aparente), lhe dou desde já os meus parabéns. Sei que haverá quem possa estar a pensar que endoideci, que me rendi, que estou insane. Como posso dizer coisas destas quando o Sr faz neste seu ultimo post, afirmações como:
“ …por falar em normalidade … Ou se é ou não se é. “
“… a verdade é que o normal é um homem amar uma mulher e vice-versa, ora se isto é normal, como é que a senhora (se por acaso for a parte activa da relação, peço desculpa) quer chamar aos outros?.. Pois, diferentes, mas a verdade é que não correspondem ao padrão da normalidade que mal ou bem têm servido para a espécie continuar. Seria bom não confundir normal com natural.”
Não endoideci, estou benevolente. Aliás, sou benevolente, tolerante e gosto de dar valor à mudança mesmo que subtil. E essa (muito subtil) aconteceu.
Acontece que tambem sou adepta de começar sempre pelo elogio para só em seguida fazer as criticas menos positivas e essas aí vão:
Quanto ao assunto casamento:
Devo dizer que o casamento em si mesmo não algo de que faça questão. Agora aqueles beneficios fiscais, legais, sociasi e outros , de que só quem se casa pode beneficiar, isso sim parece-me ser importante. Diz o Sr que: “È natural que se queira partilhar os bens em vida e na morte e para tal, qualquer contracto servirá.”
Não concordo. Penso que se refere a um contrato de partilha de bens e aos vulgares testamentos. Se assim é, deverá tambem saber que esse instrumento legal apenas acautela a distribuição da propriedade de bens tangiveis e mesmo assim existem leis que se sobrepõem a vontades expressas por testamento. Para mim esta questão é menos importante, não dou grande valor a questões materiais e tenho a sorte de ter uma familia que nunca impediria que os bens que eu ou a minha companheira pudessemos deixar, fossem para quem são de direito moral e não para quem os herda por direito legal. Para mim, as complicações são de outra ordem, preocupa-me sobretudo a justiça social. Porque razão não me asiste o direito de ser acompanhada ou acompanhar em situação de doença? Porque razão não poderemos ter os mesmos direitos no acesso a sistemas de saude, beneficios fiscais ou mesmo na simples atribuição de pensões (p. ex. Equiparadas às atribuidas por falecimento de conjuge).
Estes problemas, caro fado A. nenhum contrato pode resolver. Poderá achar que são uma ambição injustificada mas isso digo-lhe: Olhe que não! Até podia aceitar essa discriminação mas se e só se ela ocorresse quer a montante quer a juzante. E neste caso não é assim. Pago os mesmo impostos que todos os trabalhadores (e todos sabemos que não uma bagatela) e por isso devo ter os mesmos beneficios fiscais e sociais. A não ser assim, deveria poder optar, constituiria outro tipo de poupança (e que poupança não seria seria se todos os descontos que fiz até hoje com fins de reforma estivessem numa carteira de investimento ?). Pois é: Mas não posso, sou obrigada a contribuir para um sistema social e fiscal colectivo que me discrimina.
Eu não faço questão do casamento (há quem o faça e está no seu pleno direito) pode ter outro nome. Acho sim, que seria de elementar justiça estabelecer uma forma de legitimação da união, de acordo ou contrato civil, a designação juridica não importaria para mim, o que seria essencial seria que permitisse estabelecer a equiparação de direitos. Não me parece que esta questão se possa resumir a desejos de protagonismo ou de participação em lutas fracturantes. Pela minha parte, bem dispenso tais coisas.
Quanto aquilo que chama a sua opinião quanto ao resto, que mais uma vez o passo a citar:
1 - “Incomoda-me sim, que em público protagonizem cenas do privado, e isto aplica-se mesmo aos casais normais quanto mais aos outros.“
2 - “… quando protagonizam esses desfiles estão simplesmente a exibir uma grotesca diferença que serve principalmente para gáudio daqueles que nos passeios vos fotografam.
“3 - ”O pudor e o recato são parte integrante da mulher.”
4 – “… por falar em normalidade … Temos que ser sinceros. Ou se é ou não se é. E a verdade é que o normal é um homem amar uma mulher e vice-versa, … Seria bom não confundir normal com natural.”
Percebo o que diz e até terei de lhe dar razão, os gestos de ternura são para ter em qualquer lado, o sexo (esse sim, pelos costumes de caracter privado – a menos que estejamos a falar de eventos do tipo da Feira do Erótico na FIL), quanto mais não seja por respeito para com os outros deve ficar para locais mais reservados. Só não percebo é que depois de tanta controvérsia venha afinal dizer que num relacionamento, dois parceiros do mesmo sexo são um casal. Mesmo sendo na sua opinião não um casal normal, mas outro, de outro tipo, aceita que são um casal. Casados informalmente, portanto?
Tambem percebo quando fala do grotesco, porque aos nossos olhos tudo o que não é habitual ou vulgar vermos se nos afigura como grotesco. Só me custa a aceitar, ou melhor a compreender, que aqueles que vêem dos passeios cultivem e vivam em pleno o gaudio do grotesco. Mas gostos, de facto não se discutem.
Caro Fado, queria mesmo dizer só isto? “O pudor e o recato são parte integrante da mulher.” Ou esqueceu-se de concluir a frase so estilo tão em voga nos actuais discursos politicos? Quero querer que era sua intenção dizer que pudor e o recato são parte integrante da mulher e do homem? Porque se assim não for, levanta-me um problema e soluciona-me outro. Levanta-me um problema conceptual, pois para mim até à data, homens e mulheres, estariam sujeitos em termos morais e sociais aos mesmos código de ética e de moral. Esta caracteristica, para mim não tinha natureza genética. Colocando-se as coisas desta forma, termos de integrar a informação de que pudor e recato são resultado de genes recessivos ligados ao cromossoma X. pelo que O homem é portador mas nunca manifesta essa caracterisfica. Assim, não sei que pensar. Terei de refazer os meus conceitos e aceitar que nos homens o pudor e o recato não são inatos. Aceitar isto como um principo, como uma caracteristica de uma concepção diferencial do homem (espécie) em função do género, nem a mim que sou lésbica, me passou pela cabeça. Este era o problema que levantava, mas como disse soluciona-me outro. Vejo assim explicado os comportamentos tipicamente masculinos
1) de urinar em locais publicos como em qualquer canto ou recanto urbano, arvore, ou berma de estrada;
2) de procurar sexo em locais desconfortaveis com desconhecidas que encontra em sitios como bermas de estrada ou matas (sem águas correntes) a troco de dinheiro.
Imaginava (e não passava do plano do imaginário) que tal se devesse a uma conjugação de factores natureza higiénica (falta de higiene), cultural (não é mal visto) e anatómica (possibilidade de urinar de pé sem prejuizo da higiene pessoal), com factores de natureza estética. Assim fico a saber que tal acontecerá apenas porque o pudor e o recato são apanágio das mulheres, não dos homens. É genético.
E agora da norma, do normal, da excepção e do natural.
A norma e o normal são na sua essência conceitos de natureza estatística. O natural é aquilo que acontece sem intervenção externa, sem influencias alheias (é por isso que metafóricamente gostamos de chamar às ameijoas confeccionadas quase sem tempero, ameijoas ao natural. É falso mas é um arremedo que espelha a simplicidade do prato. Ameijoas ao natural são as que se encontram vivas e no seu habitat. E isto fez-me lembrar aquele velhinho anuncio do restaurador Olex que mostrando o “grotesco” do negro de cabeleira loira ou do branco de carapinha concluia dizendo: o que é natural é cada um usar o seu proprioo cabelo…).
Naturais nenhuns de nós o somos. Séculos de civilização, aculturação e socialização tornaram isso impossive. Já nem as tribos indigenas o são. Humanos naturais extinguiram-se. É portanto um conceito que está divorciado da espécie humana e que por isso não pode ser adjectivo para nenhum dos seus comportamentos.
Voltando à norma e ao normal: Tratam-se de conceitos de natureza estatistica e pelo menos desde os seculo XVII e XVIII com Abraham de Moivre, Bernoulli e Gauss que está cientificamente provado que a normalidade ocorre naturalmente (espero que isto não contrarie a sua vontade de divorciar o normal do natural), em quase todas as medidas de situações fisicas, biológicas e sociais. Quero com isto dizer que de acordo com a curva de Gauss, o normal ou não raro não é necessariamente o banal, é sim aquilo que ocorre na população dentro de um determinado intervalo de frequencias. Engloba a média e a moda mas tambem tudo o que embora possa não ser tão banal não é raro ao ponto de se desviar tanto dessas medidas que se possa classificar de muito acima ou abaixo da média (onde supostamente se encontram 50% sa população). Assim, tendo em conta que o que se desvia muito signicativamente da média está dentro de uma porção que representa 4,56% da população, sabendo que a percentagem de homossexuais na população é bastante superior a isso, mesmo sem entrarmos por analises causais, teremos que dizer qeu está dentro da norma, que é normal. O normal é cada um amar quem a sua alma escolher, ou quem o seu coração quiser.
Parece assim, que é normal e é natural. Provavelmente só não é o mais banal.
Para terminar queria dizer-lhe que a sua observação. E volto a citá-lo: …como é que a senhora (se por acaso for a parte activa da relação, peço desculpa) quer chamar aos outros?....)
É tão descabida e gratuita que até o sr sabia já quando a escreveu ser completamente deselegante e ostensiva (se assim não fosse porque pederia desculpa?). Mas é util porque mostra que de facto a seu nivel de informação é de facto muito insuficiente, acho que nem sequer está ao nivel do senso comum. Por isso ,nem sequer posso comentar ou argumentar.
Já nem vou de falar sobre a forma que escolheu para provar ou ilustrar a sua opinião de que pudor o recato são “coisas da mulher”. No minimo ardiloso, não? Mostrar que até uma “mulher lésbica”, sendo mulher, tem pudor e é recatada. O despudor lésbico, (ou imaginário que dele tem) não existe. Existem pessoas que se comportam de modos diferentes e têm modos diferentes de ver o amor, o sexo e a fidelidade, independentemente da sua orientação sexual. Pessoalmente desagrada-me a promiscuidade, a deslealdade e até o despudor se descabido. Mas isso não tem nada a ver com a minha orientação sexual.
Por aqui me fico e me despeço.
Sinceramente, felicidades.
Ferónica"

Depois disto e tal como disse ao referido senhor "I'll rest my case".

*Não me foi possível solicitar autorização à Ferónica para transcrever aqui o comentário dela porque o seu perfil não está disponível e, consequentemente, não há qualquer endereço electrónico para onde o pudesse fazer. Contudo, dado o mesmo ter sido publicado, julgo não haver qualquer problema. No entanto deixo, desde já, o meu pedido de desculpa à Ferónica, caso esta situação de algum modo lhe desagrade.

segunda-feira, julho 16, 2007

As pérolas do Alexandrino

Pois é, o senhor Alexandrino não satisfeito com os dislates do seu anterior post, escreveu um outro na mesma linha.

Nos comentários respondi-lhe o seguinte:


"Poderia não ligar nenhuma a este seu novo post que nada acrescenta ao anterior, pelo contrário, bate apenas na mesma tecla e sem nada de inovador. Mas, como vi no mesmo uma oportunidade, que lhe agradeço, para dizer meia dúzia de coisas não só a si mas a quem possa ler, não deixo passar.
Alexandrino, você mete-se em assuntos que desconhece de todo e, no entanto, ao escrever sobre eles coloca-se numa postura arrogante de quem os conhece, mesmo depois de assumir a sua "ignorância", assunção essa que não passa de uma tentativa para atirar areia para os olhos de quem o lê. Mas adiante.
O casamento, é um contrato criado há milhares de anos com o intuito de proteger os bens das pessoas. Apesar da influência judaico-cristã, a verdade é que nos nossos dias, um homem e uma mulher que pretendam casar-se religiosamente, têm que o fazer também pelo civil sob pena de o seu casamento religioso nada valer. Portanto, trata-se, sem sombra de dúvida, de um contrato. Então porque razão não hão-de as pessoas do mesmo sexo celebrá-lo? Onde é que o casamento entre homossexuais visa "a desconstrução - não apenas semântica - do casamento e da família..."?
Se eu tiver uma casa onde moro com a mulher que amo e que me atura nos bons e maus momentos e me acompanha na doença até à minha morte, acha justo que seja a minha família, que em muitos casos se está nas tintas para mim, a receber a minha casa? E a mulher com quem vivi anos, vai viver para onde? Debaixo da ponte? Isto é apenas um pequeno exemplo no meio de muitos que validam a luta da comunidade LGBT ou as "fufas e paneleiros" como você desrespeitosamente lhes chama, para desejarem o contrato de casamento entre si. Eu posso até não me querer casar, mas quero saber que tenho esse direito.
A "simples crónica" que você escreveu no seu blog, insulta descaradamente as lésbicas, chamando-lhes desviadas e até pondo em causa a sua feminilidade chamando-lhes "quase homens" ou como pertencentes ao género "outros". As pessoas que comentaram no seu blog, em que me incluo, insurgiram-se contra esse facto e bem.
A protecção da nossa identidade nada tem a ver com qualquer tipo de vergonha que possamos sentir pelo que somos, apenas com o receio de encontrarmos homófobos, como você, que nos discriminem e persigam (não são a maioria mas estão em todo o lado, inclusive, nas posições de poder e decisão). É que, apesar de sermos uns "desviados" pagamos impostos, temos despesas, precisamos de trabalhar, etc. tal como você, pelo que, só posso lamentar que não entenda algo tão básico como isto.
O facto de a homossexualidade ser minoritária, não significa que não seja natural. Basta saber que sempre existiu e que existem, comprovadamente, comportamentos homossexuais em 1500 espécies observadas.
Ora, existindo homossexualidade desde sempre, não vejo onde a demografia e a instituição Família ficou posta em causa por esse facto e até aos dias de hoje.
Esse argumento de que defendemos que a homossexualidade deveria ser obrigatória é um argumento sem qualquer razão de existir. É, antes, uma parvoíce de quem não tem argumentos válidos para defender a sua homofobia.
Nem todas as lésbicas usam dildo, Alexandrino, porque pura e simplesmente não precisam de nenhum falo para obterem prazer (eu sei que isto dói a muito machão, mas é um facto). Os filmes pornográficos com cenas sexuais entre lésbicas que pululam pelo mercado, não correspondem minimamente à realidade, porque são realizados por homens que apenas visam o lucro e, consequentemente, o universo erótico masculino, muito diferente do feminino.
Você pratica sexo em público? Tenho a certeza que deixa essa actividade para o privado, então porque razão as lésbicas haveriam de "se lamberem umas às outras" em público?
Outra coisa, Alexandrino, lembre-se que os homossexuais descendem de famílias heterossexuais tradicionais e, por estranho que pareça a algumas pessoas, a grande maioria dos filhos dos homossexuais e lésbicas (também os têm) são heterossexuais, o que só demonstra que, de facto, a orientação sexual da maioria dos seres humanos é heterossexual, portanto, é disparatado achar-se que só porque os homossexuais desejam ser cidadãos de pleno direito, defendam que a homossexualidade passe a ser "obrigatória" para toda a humanidade, visando que a espécie humana deixe de se reproduzir.
Olhar o sexo apenas como o objectivo de procriar, pondo de parte o prazer, é uma postura hipócrita pois que, em nada está de acordo com a forma de viver a sexualidade por parte da humanidade. Mesmo aqueles que defendem este conceito, não o praticam.
Recordo-lhe ainda que a Lei Constitucional nº 1/2004 veio completar a formulação do Princípio da Igualdade acrescentando ao artigo 13º da Constituição da República Portuguesa (CRP) a expressão "ou orientação sexual". Se antes a luta dos LGBT pela sua completa e total integração era socialmente legítima, actualmente é-o, pelo menos em Portugal e outros países, legalmente.
Portanto, as manifestações homofóbicas servem apenas para uma coisa, caírem em saco roto.
Alexandrino, o mundo é a cores e lembre-se que mesmo aqueles que o vêm a preto e branco, não devem descurar o cinzento e os seus vários tons.
Seja feliz"


Longo, não? Pois, talvez se canse de respostas deste tamanho e desista de dizer disparates, deixando-nos em paz e sossego!

quinta-feira, julho 12, 2007

Outra pérola!

Num dos comentários à perola de que falo no post abaixo aparece esta outra que reza assim:

"Se essas competições se dividem nas categorias masculinas e femininas , é óbvio que devia haver mais uma categoria para os assim assim . Aliás , mesmo não chegando a isso, se pensarmos na lógica dos balneários e WC masculinos e femininos , aí é que este sistema de misturas está todo errado. Uma mulher tomar banho ao pé de uma lesbos , é igualzinho a tomar banho à frente dum homem , não? E no caso dos homens hetero versus homos , é o mesmo. Desagradável."

Não, sô dona marina, não é o mesmo porque tanto os homens como as mulheres são diferentes e não é só fisicamente.

Por acaso a senhora atira-se a todos os homens que lhe aparecem à frente? Não? Então porque raio acha que todas as lésbicas, num balneário ou num outro local qualquer, haveriam de se atirar a si? E se isso acontecer, acha que a violam ou a continuidade do atiranço só terá lugar se a senhora o permitir? É desagradável? Porquê? A senhora não está segura da sua orientação sexual, não? Pois é, esse desagrado com laivos de perigosidade que sente na proximidade de uma lésbica, leva-me a concluir que nessa cabecinha as coisas não estão lá muito arrumadas!

Então a senhora acha que só porque uma mulher sente atracção física e emocional por outras mulheres deixou de pertencer ao género feminino e passou a ser "assim, assim"? Ai meu Deus, mas é muita estupidez junta!

Ó mulher, trate-se!

Uma pérola!

Se não fosse tão demonstrativo de uma ignorância arrepiante vinda, ainda por cima, de alguém supostamente "culto" e/ou "sábio" eu até me ria. Mas não, não me rio, limito-me a constatar que, infelizmente, ainda existem muitas pérolas destas por essa blogosfera fora. E depois, indignam-se porque fazemos marchas. Ora, se fossem com a sua homofobia para uma determinada parte e deixassem de nos chatear a molécula, não era melhor?

Sinceramente, não sei como hei-de interpretar o estranho interesse e/ou curiosidade desta gente relativamente a nós. Ou será que sei? Hum ...

quarta-feira, julho 11, 2007

Europride. Fim de semana em Madrid - A aventura II

30/06 - 15h00
... Continuação

Acordei alagada em suor, apesar de ter dormido bem. Devo, portanto, ter literalmente desmaiado de cansaço por oito horas. O quarto parecia o inferno de Dante, porque o ar condicionado encontrava-se desligado, dado T estar com gripe.

T é friorenta e não suporta ar condicionado que a deixa sempre doente. É uma florzinha de estufa, a minha menina. Só gosta de calor. Eu, pelo contrário, sou um forno, raramente me constipo e adoro frio ou, quanto muito, temperaturas temperadas. Tudo o que vai para cima dos 30º deixa-me com um humor de cão, perdão, de cadela.

T adora estar espojada ao sol e é fã do turismo praia-hotel-hotel-praia, preferencialmente nos países tropicais. Eu, gosto de estar à sombra, com um chapéu de abas que me ensombre o rosto e óculos escuros. Visitar cidades com muito para ver, culturalmente falando, é o meu turismo de eleição.

Enfim, temos as nossas diferenças e divergências, mas se fossemos iguais, a coisa não tinha qualquer piada.

Meti-me na banheira e tomei um duche frio que me soube a qualquer daquelas coisas que costumamos imaginar como dignas do paraíso. Entretanto, T acordou e foi para a banheira tomar um duche quente enquanto pigarreava aflita da garganta.

- Estou cheia de fome, preciso urgentemente de um café e de tomar os comprimidos. Tenho dores de garganta e agora também me dói um dente. Este, aqui atrás, ‘tás a ver? – Dizia ela mostrando-me um molar.
- ‘Tou, se calhar é dor reflexa. Que chato!

T, é o Pepe Rápido na arte de se despachar. Ao fim destes anos todos, ainda me surpreende a velocidade com que se arranja. Eu, sou um caracol. É mais um creme aqui e outro ali, é a dúvida entre a t-shirt ou a túnica, são os berloques e mais o perfume, etc. Coisas de gaja! Escusado será dizer que quando T saiu do quarto, ainda eu me aperaltava.

Encontrámo-nos com o restante grupo, já completo porque F tinha chegado de Paris às 09h30 da manhã.

Estava um calor insuportável e, eu, de chapéu de abas largas presas a cada um dos lados da cabeça, t-shirt leve, jeans, óculos escuros e abanando-me com um pequeno leque, mais parecendo uma gringa, procurei um café com uma sombra onde, com F que é francesa e muito mais loira que eu, nos instalámos. As outras quatro meninas ficaram ao sol. Cruzes!

Depois do café e de nos refrescarmos com águas muito geladas, apanhámos o metro até ao “Sol” que iluminava e aquecia uma Plaza Mayor cheia de esplanadas que nos convidavam a passar ali um bocado. Procurámos uma esplanada no lado da sombra, abancámos e, a um bem disposto e sorridente empregado, indicámos os nossos pedidos. Tapas, pão, cervejas e águas, como não podia deixar de ser. Ou as tapas estavam deliciosas, ou a nossa fomeca era tanta que engoliríamos tudo o que nos surgisse à frente em forma de comida. A verdade, é que nos alambazámos e a nossa disposição passou de, a meio gás para excelente.

Fui a uma esquadra de polícia para apresentar queixa pelo furto do meu BI, mas desisti da intentona porque percebi que iria passar ali o resto do dia. Contrariamente ao que se possa pensar, estas coisas naquelas paragens são muito mais complicadas que cá no burgo. Ainda falamos nós mal do nosso cantinho onde, na segunda feira seguinte, demorei umas meras três horas a participar o furto a um chefe de esquadra que, desde Janeiro não trabalhava porque lhe tinha dado um treco, coitado e, para mais, o modelo de queixa do computador, de que ele era um exímio utilizador, tinha mudado. “Compreende, minha senhora?” dizia ele com um ar de simpática impotência. Claro que compreendia mas, para evitar lá ter ficado até hoje, fui-lhe ditando o texto sobre os factos de modo claro, objectivo e conciso para qualquer eventualidade futura.

Saímos da Plaza Mayor pelas 19h30 e dirigimo-nos, sem pressas, para a Plaza de España onde a marcha chegaria vinda da Puerta de Alcalá.

A Plaza de España estava cheia, mas dava para nos movimentarmos e dançarmos ao som da música que vários artistas convidados interpretavam no palco ali colocado para o efeito.

Munidas de bebidas, juntámo-nos à enorme animação, às cores impossíveis e à beleza que tresandava no local. O que estes olhinhos se regalaram! Elas e eles eram lindos até dizer chega e, como se não bastasse, andavam por ali meio despidos exibindo uns corpos de fazer cortar a respiração.

Para quem continua a pensar que as lésbicas são feias e sapatonas, aconselho uma ida, num sábado à noite, à discoteca Maria Lisboa ou a uma Lesboa Party (ninguém vos tira pedaço porque são locais hetero-friendly) e garanto-vos que mudam de opinião.

A comunidade LGBT é pela diversidade. E, como é evidente, havendo vários tipos físicos de mulheres, também os há quando estas são lésbicas. Desde a butch mais ousada à mais diva das femmes, há de tudo, não esquecendo as diversas gradações entre os dois tipos. Aliás, tipo físico nada tem a ver com orientação sexual. Conheço mulheres heterossexuais que se vestem de forma masculina. As mulheres lésbicas do tipo físico mais feminino, a que chamamos femmes, apresentam-se, por vezes, de saltos altos que lhes alongam o passo dengoso, saia curta e justa que lhes mostra as bem lançadas e talhadas pernas, o olhar sedutor por detrás de uma impecável maquilhagem e um sorriso onde cintilam dentes imaculados bordados por lábios carmim. Nos anos oitenta era o lesbian chic, agora dizem que é o lesbi lipstick.

Os transsexuais MTF (male to female) mostravam, felizes, os seus bem operados e novos corpos femininos adornados com plumas.

Ouviam-se os acordes de “A quién le importa” e a multidão acompanhava, mais ou menos conhecedora da letra enquanto dançava. Os flashes disparavam fotos para a posteridade. Gritavam-se palavras de ordem contra a homofobia. Tudo isto acontecia enquanto aguardávamos a chegada de 40 carros ou camiões e outras representações apeadas que faziam parte do desfile.

Entretanto, A, irmão de D, que vive em Espanha e é casado com R, uma bonita espanhola, sabendo que a irmã se encontrava em Madrid, decidiu fazer um desvio na sua rota de férias e juntar-se a nós na Plaza de España, já o desfile decorria entre aplausos, beijos, sorrisos, lágrimas, cânticos, serpentinas, jactos de água, etc. Verdadeiramente inesquecível.

Continua ...

domingo, julho 08, 2007

Leituras


Woman Reading de Sally Rosenbaum

Tenho de interromper a aventura espanhola, porque recebi da AR e Cristina um desafio para indicar cinco livros e passar a bola a mais cinco blogues.

Sou uma leitora compulsiva de gosto eclético. Não vou privilegiar as últimas leituras e, sim, cinco dos inúmeros livros de que gostei muito.

São eles:

A Tábua de Flandres de Arturo Pérez Reverte
No fim do século XV, um velho mestre flamengo introduz num dos seus quadros, sob a forma de uma partida de xadrez, a chave de um segredo que poderia ter mudado a história da Europa. Cinco séculos depois, uma jovem restauradora de arte, um antiquário homossexual e um excêntrico jogador de xadrez conjugam os seus esforços para tentar resolver o enigma. A investigação conduzi-lo-á através de uma apaixonante pesquisa na qual os lances do jogo irão abrindo as portas de um mistério que acabará por envolver todos os seus protagonistas. «A Tábua de Flandres» é um apaixonante jogo de armadilhas e inversões - pintura, música, literatura, história, lógica matemática - que Arturo Pérez-Reverte vai encadeando com diabólica destreza.

Os Caminhos da Paixão de Jeanette Winterson, Quetzal Editores
Um romance sobre Henri, um soldado nas guerras napoleónicas, e Villanelle, uma rapariga de Veneza que ama sem esperança uma mulher casada. O título do livro reflecte sobre as diversas paixões dos seus personagens. Os franceses têm uma paixão por Napoleão, paixão essa tão grande que morrem para lhe agradar. Há a paixão de Napoleão por frangos, que leva Henri (que tem uma paixão por Napoleão) à sua presença. Villanelle tem uma paixão pelos mistérios da sua cidade, pelo jogo e pela mulher misteriosa que lhe roubou o coração. E eventualmente Winterson trata da paixão de Henri por Villanelle.

Oceano Mar de Alessandro Baricco. Encontra-se, infelizmente, esgotadíssimo.
O homem nem sequer se vira. Continua a fitar o mar. Silêncio. De vez em quando mergulha o pincel numa tigela de cobre e esboça na tela poucos traços leves. As cerdas do pincel deixam atrás de si a sombra de uma obscuridade muito pálida que o vento imediatamente seca trazendo de volta à superfície o branco anterior. Água. Na tigela de cobre só há água. E na tela, nada. Nada que se possa ver. Sopra como sempre o vento do norte e a mulher envolve-se na sua capa roxa.- Plasson, há dias e dias que trabalhais aqui. Por que razão trazeis convosco todas essas tintas se não tendes coragem de utilizá-las?Isso parece acordá-lo. Isso atingiu-o. Vira-se para observar o rosto da mulher. E quando fala, não é para responder.- Peço-vos, ficai assim - diz.Depois aproxima o pincel do rosto da mulher, hesita um instante, encosta-o aos lábios dela e passa-o lentamente de um canto ao outro da boca. As cerdas tingem-se de vermelho-carmim. Ele observa-as, mergulha-as rapidamente na água e levanta de novo o olhar em direcção ao mar. Nos lábios da mulher fica a sombra de um sabor que a obriga a pensar "água do mar, este homem pinta o mar com o mar" e é um pensamento que provoca arrepios.

O Nascimento de Vénus de Sarah Dunant, Editora Saída de Emergência.
O amor, a morte e o sexo, são o mote deste soberbo romance passado numa Florença renascencista dominada pelo fanatismo religioso. Sarah Dunant escreve como um pintor.

Pássaros Feridos de Colleen McCullough
Existe uma lenda acerca de um pássaro que só canta uma vez na vida, com mais suavidade que qualquer outra criatura sobre a Terra. A partir do momento em que deixa o ninho, começa a procurar um espinheiro, e só descansa quando o encontra. Depois, cantando entre os galhos selvagens, empala-se no acúleo mais agudo e mais comprido. E, morrendo, sublima a própria agonia e solta um canto mais belo que o da cotovia e o do rouxinol. Um canto superlativo, cujo preço é a existência. Mas o mundo inteiro pára para ouvi-lo, e Deus sorri no céu. Pois o melhor só se adquire à custa de um grande sofrimento … Pelo menos é o que diz a lenda.

Entretanto, o Repórter lançou-me um outro desafio que é o de escolher a 5ª frase completa da página 161 de um livro e postá-la aqui. Assim, a 5ª frase da página 161 do livro O Nascimento de Vénus da Sarah Dunant, Editora Saída de Emergência, 1ª edição, Outubro de 2005, reza o seguinte:

"Os guardas tinham afugentado os cães por essa altura, embora os mais vorazes ainda ali andassem, de cabeça baixa, a barriga a rojar o chão, fingindo desinteresse, as patas a estremecer de excitação."

Seguem-se, para ambos os desafios Angell, Citadina, Mar da Lua, Pecado Original e Vizinhas.

sexta-feira, julho 06, 2007

Europride. Fim de semana em Madrid - A aventura I


29/06 - 15h15

Liguei para o telemóvel de uma das minhas amigas já com a mostarda a subir-me ao nariz por causa da minha maníaca pontualidade britânica que se dá muito mal com os irritantes atrasos da maioria que compõe este luso povo.

- Estás atrasada! Ainda não te despediste das namoradas todas? Irra, mulher, até parece que vais para o outro lado do mundo por tempo indeterminado!
- Estou a caminho.
-Já não é às 15h00 de hoje que arrancamos para Madrid. Despacha-te!


15h45

A atrasada, a quem vou chamar L, chegou. Finalmente!

Entrámos no carro três mulheres. A proprietária do dito, a quem chamarei D, eu e L. As outras três, iriam mais tarde. Duas, entre elas a minha dama de copas a quem vou chamar T e, ainda, C (Citadina) que por trabalharem em empresas muito exigentes, apanhariam um voo ao final da tarde. A terceira, F, chegaria de comboio vinda de Paris (tem a pouca sorte de sofrer de uma enorme fobia a aviões).

A viagem decorreu sem percalços e ao fim de umas 6 horas estávamos a chegar a Madrid.

- Mantenha-se à esquerda. A 2,1 km vire à esquerda ... vire agora à esquerda e mantenha-se à esquerda por mais 8,4 km. A voz feminina gravada do GPS dava-nos as mesmas indicações que se viam no mostrador através de uma faixa cor de rosa que indicava o percurso.

Ir para Madrid de carro sem GPS programado até ao hotel, é loucura, por causa da quantidade de entradas que aquela cidade tem. Arriscávamo-nos a assistir ao Europride às voltas na grande capital sem sequer conseguir lá entrar.

- Vire à esquerda e mantenha-se à esquerda por mais 3,5 km. Continuava a voz.
- Puxa, este GPS é de esquerda, de certeza! Disse L interrompendo a concentração de D, na altura a condutora e a minha, a co-piloto.
- É pá este GPS está a mandar-nos para Toledo ou Córdoba. ‘Tás a ver que só aparece sinalização indicando essas direcções? Dizia D.
- Pois ... mas foi C que programou o GPS e ela sabe ler mapas, como poucos. Disse eu.

É claro que o GPS estava bem programado e levou-nos direitinhas até à porta do hotel (obrigada querida C) e, após o check-in, dirigimo-nos aos três quartos duplos que tínhamos reservado com dois meses de antecedência, onde largámos as bagagens. Pouco depois, chegavam T e C vindas de Barajas. F, a que vinha de Paris, só chegaria no dia seguinte de manhã.

Esfomeadas fomos a um VIPS (um género de McDonald’s espanhol) perto do hotel onde comemos umas tapas desenxabidas e aproveitámos para fazer um brinde a D que era aniversariante.

Com os estômagos mais calmos, decidimos apanhar dois táxis e ir até à tão badalada Chueca, o bairro gay por excelência de Madrid. Os táxis seguiam um atrás do outro mas, num semáforo, o que levava C e D passou e o nosso ficou. Bonito, pensei, sem telemóveis não nos vamos reencontrar.

A Chueca abarrotava de gente, álcool e imundice. Eu, T e L tínhamos de andar em fila indiana de mãozinhas dadas como meninas da escola com medo de se perderem.

Por mero acaso, ou por mão da divina providência, vá-se lá saber, encontrámos D e C.

O Bairro Alto, num sábado à noite em pleno verão, apinhado de gente que se diverte bebendo até cair, é um local leve, arejado e muito limpo ao pé de uma Chueca que se encontrava absolutamente infernal, badalhoca, mal cheirosa e, porque não dize-lo, de frequência muito duvidosa que lhe dava um ar pesadíssimo.

O calor que se fazia sentir era sufocante e as nossas gargantas suplicavam-nos com urgência bebidas frescas. Foi uma aventura inesquecível, no sentido negativo, descobrirmos algo que nos refrescasse. Os bares estavam intransponíveis dadas as enchentes. Os locais móveis de venda de bebidas, cerrados. Por fim, já mortas de sede, encontrámos um que estava só a começar a cerrar e lá conseguimos beber umas cervejas.

Entretanto, alguém no meio da confusão sacou-me de um dos bolsos traseiros das jeans que envergava, o meu bilhete de identidade. Procurava de certeza dinheiro, só que esse estava nos bolsos da frente. No dia seguinte, lá teria eu que ir participar o furto à polícia.

Pelas quatro e meia da manhã, estoiradas e desiludidas com a tal Chueca, resolvemos voltar ao hotel.

Começou nova aventura. Táxis, era mentira, passavam muitos com passageiros e os que estavam vazios faziam de conta que não viam os sinais que o pessoal lhes fazia. Metro, só às seis da matina. A pé, era longe de mais e os nossos pobres pés já gritavam por socorro.


- Irmos a Lavapiés seria uma boa opção. É muito giro e também tem muita movida, mas é capaz de estar a rebentar de gente! Dizia C.
- Só se fosse para refrescar os meus ricos pézinhos que estão imundos, pensava eu.

Ninguém pareceu muito entusiasmado com a ideia de ir “lavar os pés” para o meio de outra multidão e lá fomos andando, todas juntinhas como manas siamesas, para locais mais arejados e onde nos pudéssemos movimentar, sempre na esperança vã de encontrar dois táxis. Nem um aparecia, para mal dos nossos pecados.

Às seis da manhã, parecendo zombies, dirigimo-nos para o metro que nos levaria ao tão desejado hotel, mais precisamente às caminhas que nos estavam destinadas onde, enfim, repousaríamos os esqueletos, músculos e tutti quanti.

Quando saí da casa de banho do quarto, depois de um duche morno, T já dormia o sono das justas. Caí à cama com a sensação de ter sido atropelada por um camião TIR. Entreguei-me a Morfeu sem qualquer resistência que o gajo é doce.
Continua ...

quinta-feira, julho 05, 2007

TAAG - Há coisas que me ultrapassam!


Os aviões da TAAG (Angola Airlines) entraram na lista negra da União Europeia que os interditou por questões de segurança.

Ora, como a TAAG e a TAP transportam semanalmente cerca de 4000 pessoas entre Angola e Portugal, receia-se que Angola decida, a exemplo de pelo menos uma outra ocasião, retaliar e proibir os voos da TAP impossibilitando as tais 4000 pessoas de fazerem o trajecto entre os dois países.

A representante da TAAG, Agnela Barros, não confirmou se Angola vai reivindicar “reciprocidade” face à proibição mas avisou ”têm de ponderar que nós também temos os nossos direitos”.

Gostava de saber de que direitos fala esta senhora! Estará a invocar algum direito inventado pela TAAG que é o de terem os seus aviões a fazerem percursos sem o cumprimento das normas de segurança exigidas? E os deveres para com os passageiros? E se, em vez desta atitude arrogante e sobranceira, se preocupassem antes em dotar os seus aviões com os requisitos de segurança?

quarta-feira, julho 04, 2007

Orgulhosa Madrid

O Europride 2007 decorreu, numa muito orgulhosa Madrid, de forma espectacular.

Madrid estava orgulhosa por ser uma das poucas capitais de mundo que se encontra à frente, no que aos direitos, liberdades e garantias de TODOS os seus cidadãos e cidadãs, diz respeito. Eu estive lá e, feliz, vi que é possível. É possível vivermos todos sem nos agredirmos por causa de algo tão natural como o direito de amarmos quem quisermos e pertencermos ao género com o qual nos sentimos mais identificados, sem que isso nos custe deixarmos de ser cidadãos e cidadãs de pleno direito.

Correndo o risco de passar por lamechas, digo-vos que no meio dos sorrisos, caíram-me algumas lágrimas de emoção e esperança. Esperança de um dia ver em Lisboa o que vi em Madrid. Esperança de que um dia o mundo seja um local melhor para TODOS viverem sem quaisquer discriminações.

A marcha começou na Puerta de Alcalá e terminou na Plaza de España com 1.500.000 de alminhas!








Portugal esteve representado e assumindo que perde para Espanha por 3-0. Perde em parentalidade, casamento e identidade de género.



Representação lésbica





Um dos vários patrocínios





Na Plaza de España, onde me encontrava com as minhas amigas vendo chegar o desfile, ouvia-se uma canção que é o hino LGBT em Espanha. A canção é cantada pela Thalía e chama-se

A quién le importa

La gente me señala Me apunta con el dedo Susurra a mis espaldas Y a mi me importa un bledo

Que mas da Si soy distinta a ellos? No soy de nadie no tengo dueño

Yo se que me critican Me consta que me odian La envidia les corroe Mi vida les agobia

Porque será? Yo no tengo la culpa Mis circunstancias les insultan

Mi destino es el que yo Decido el que yo Elijo para mí

A quien le importa lo que yo haga? A quien le importa lo que yo diga? Yo soy así, así seguiré Nunca cambiare

A quien le importa lo que yo haga? A quien le importa lo que yo diga? Yo soy así, así seguiré Nunca cambiare

Quizá la culpa es mía Por no seguir la norma Ya es demasiado tarde Para cambiar ahora

Me mantendré firme en mis convicciones Reforzare mis posiciones

Mi destino es el que yo Decido el que yo Elijo para mí

A quien le importa lo que yo haga? A quien le importa lo que yo diga? Yo soy así, así seguiré Nunca cambiare

A quien le importa lo que yo haga? A quien le importa lo que yo diga? Yo soy así, así seguiré Nunca cambiare

Leiam, também, o relato do evento feito pela Blue no Lésbica: Simples ou Com Gelo? que vale bem a pena. Tive o descaramento de lhe "roubar" duas das fotos lá colocadas, mas estou certa que ela não me levará a mal.

Para aqueles que ainda não entendem Por que marcham os LGBT? façam o favor de ler o artigo que a Mente Assumida escreveu ontem com este título e talvez percebam. Também ao blog dela que se chama Assumidamente "roubei" três fotos.

As outras fotos foram "roubadas" do Google. Pois claro!

É o resultado de ter ido para lá sem máquina fotográfica.

O relato da parte menos política e contestatária da viagem e estadia em Madrid, ficará para depois.